Diretora Cláudia Priscilla
- Gostaria que você falasse um pouco de sua trajetória. Como foi sua opção pelo Cinema?
Já fiz muitas coisas em cinema, comecei como assessora de imprensa, depois fiz produção e direção. Fiz meu primeiro curta “Sexo e Claustro” em 2005, um documentário sobre uma ex-freira lésbica, depois fiz “Phedra” que é sobre uma atriz transexual cubana e agora lanço meu primeiro longa-metragem “Leite e Ferro”.
- O Documentário “Leite e Ferro” é o seu primeiro longa, fale o porquê do interesse por tal tema: “maternidade na prisão”?
O que me motivou a fazer este filme foi a minha experiência com a maternidade, após o nascimento do meu filho Pedro. Tive vontade de entender como essa experiência poderia acontecer em uma situação limite, tanto emocional quanto física.
- O que você pensa em termos de carreira para o seu Documentário?
O documentário “Leite e Ferro” teve uma carreira muito bacana em festivais nacionais e internacionais – foi premiado como Melhor Documentário e Melhor Direção de Documentário, em no Festival de Paulínia (2010) e recebeu o Grande Prêmio na Mostra Competitiva Internacional e Destaque Feminino na Competitiva Nacional do Femina – Festival Internacional de Cinema Feminino (2011). Além de ter sido selecionado para diversas mostras e festivais como: Indie - Mostra de Cinema Mundial (2010), 32º Festival Internacional Del Nuevo Cine Latinoamericano em Havana, Cuba (2010), Visions Du Rèel, Nyon, Suíça (2011) e Panorama Coisa de Cinema (2011). Neste momento, estou muito animada com a estreia nos cinemas.
- Quais foram as principais dificuldades encontradas por você, para conseguir colocar em prática seu projeto “Leite e Ferro”?
A principal foi à dificuldade e a demora em conseguir autorização para filmar na cadeia. As mulheres ficam na instituição de quatro a seis meses, por isso o tempo era decisivo neste filme.
- Como funciona seu processo de criação? Você faz uso de roteiros?
A pesquisa é fundamental nos meus trabalhos, começo sempre com uma investigação teórica e depois vou para campo. Eu e a Lorena Delia (pesquisadora e produtora) ficamos dois meses freqüentando a instituição. Num primeiro momento conversamos com cada uma das mulheres presas separadamente e depois passávamos o dia com elas na cadeia. Fizemos a filmagem em um mês. A pesquisa e filmagem foram feitas em 2007. Depois do filme pronto participamos de festivais nacionais e internacionais.
- Diga como você faz para escolher um personagem, no caso do documentário?
No caso do filme “Leite e Ferro”, a primeira pessoa que entrevistei durante a pesquisa foi a “Daluana”, fiz duas perguntas e ela falou por duas horas…. tive certeza que estava diante de alguém especial para o documentário. Ela me encantou, além do carisma tem uma história de vida incrível, ela faz parte de uma geração “romântica” da bandidagem, roubava de quem tinha e era chamada de tia Robin Hood.
- Você alimenta algum outro hobby? Além de sua paixão pelo o Cinema?
Este ano descobri um hobby novo, a corrida.
- Quem ou quais são suas principais influências cinematográficas?
Tenho tantas influências que fica difícil listar, Almodóvar foi minha grande Inspiração para meus curtas. Neste longa-metragem me aproximei muito da obra de Jean Rouch e Frederick Wiseman. Tenho a sorte de ter pessoas próximas que me instigam muito em como pensar o cinema que é meu marido Kiko Goifman, Jean Claude Bernardet e Hilton Lacerda.
- Você faz uso da Internet como meio de desenvolvimento, para a realização de seu trabalho?
Faço sim, a internet me ajuda muito na parte da pesquisa teórica.
- Que filme você gosta de assistir e quais os livros você gosta de ler?
Gosto muito de ir ao cinema, vejo muita televisão (a cabo principalmente) e hoje em dia a literatura também está muito vinculada ao meu trabalho – passei um tempo estudando o corpo e meu livro de cabeceira era “O Homem- Máquina – a ciência manipula o corpo”, mas não deixo de ler outras obras, ontem terminei “Os belos e malditos” de F. S. Fitzgerald.
- E, para finalizar, você tem outros projetos cinematográficos pela frente? Quais?
Meu segundo longa, que dirigi com Kiko Goifman, “Olhe pra mim de novo” – que tem como personagem principal um transexual masculino - está rodando festivais (premiado no Festival do Rio e no Mix Brasil) e em fevereiro estará no panorama de Berlim. Comecei na semana passada meu curta-metragem, em parceria com Pedro Marques, sobre o Laerte.
Fotos de Cenas do filme “Leite e Ferro”
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