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Um filme dentro do filme e Ben Affleck cada vez mais perto de encontrar sua verdadeira vocação. Assim é Argo, um excepcional longa baseado numa história real de um herói americano e de uma indústria que vive de mentiras.
O ator, diretor e roteirista Ben Affleck vem para seu terceiro longa como diretor, e devo dizer que cada vez mais eu gosto dele nessa função. Até nem me importo dele protagonizar os filmes que dirige, acho que deve contribuir para sua autoconfiança. Ele estava fora das telonas desde Atração Perigosa (The Town, 2010) que também é um filme escrito, dirigido e protagonizado por ele. Sim, ele é egocêntrico.
Em Argo, ele abdica do roteiro o que parece o ter deixado mais espaço para atuar fazendo de seu Tony Mendez algo de valor dentro do produto final. Detalhe que roteiro foi à única função que já lhe rendeu um Oscar, será que ele consegue um na direção dessa vez? Eu diria que Argo pode despontar como um sério longa a receber alguns indicações da Academia, e Direção pode ser uma delas facilmente.
Argo retrata a história de um agente da CIA (Affleck) especialista em extrações que precisa resgatar 6 americanos foragidos e abrigados na casa do embaixador canadense no Irã. Isso ocorreu durante a Crise de Reféns no Irã onde 52 norte-americanos foram feitos reféns por 444 dias de 1979 a 1981 após um grupo de protestantes Iranianos tomarem a embaixada americana pedindo extradição do Xá Reza Pahlevi (O título Xá é um título muito semelhante à Rei).
Depois de algumas ideias absurdas chegam à conclusão de que a “menos ruim” de todas elas é fingir a produção de um grande filme de Hollywood e entrar no Irã para escolher locações, e sair com os 6 americanos como parte da equipe do filme. Eu destaquei o “menos ruim” porque em certo momento do filme, o personagem vivido pelo brilhante Bryan Cranston diz isso ao Ministro da Defesa para defender a ideia perante às outras e conseguir a aprovação.
O roteiro não precisa de grandes análises, é baseado numa história real, de uma operação secreta que foi divulgada oficialmente em 1997 por Bill Clinton. Cabe então a Affleck fazer do filme destacável de alguma maneira, já que o argumento não é de todo surpreendente. Já sabemos que não seria com a sua atuação que isso ia acontecer, mas podíamos esperar algo bom de sua direção tendo em visto o excelente Atração Perigosa.
Uma ambientação recheada de muitos cigarros, bigodões sensacionais e muita sorte fazem um perfeito retrato do fim dos anos 70 que é de se louvar. Ben Affleck aproveita também para usar de um humor introvertido com a situação de Hollywood na época (e até hoje porque não?), fazendo uma leve crítica aos costumes dessa indústria que é movida a muitos bilhões de dólares e muitas mentiras. Em muitos momentos do filme citamos Star Wars como referência para a indústria cinematográfica daquele tempo – O Episódio 4 Uma Nova Esperança era um recém sucesso vencedor de 6 Oscars na época, e o Império Contra-Ataca era muito aguardado.
Excelente fotografia e ótima montagem que conseguiu criar suspense e aflição em situações normais, ou que deveriam ser aparentemente normais para uma visão de fora, Affleck consegue fazer com que nós sejamos parte do grupo que tenta sair do Irã, faz com que nós sintamos medo, pavor, o tremor nas pernas nas horas de pressão. Consegue passar toda a emoção necessária para fazer de um drama memorável. Esse é o trunfo de Argo.
Como eu já adiantei uma atuação melhor do que já vimos antes de Ben Affleck garante o sucesso do longa, seguro, preciso, e paciente. Um sensacional Bryan Cranston, sou suspeito para falar, pois sou fã confesso de seu personagem mais famoso (Walter White da série Braking Bad) mas o pouco tempo de tela de Cranston é aproveitado com maestria. Já John Goodman e Alan Arkin entregam um alívio cômico digno do filme, permite aliviar literalmente a tensão da situação. Os 6 americanos refugiados apesar de bastante tempo de tela são pouco aproveitados, eu diria até que tratados com objetos que devem ser movidos, e de certa forma isso é bom, puxa a atenção toda para o lado político da coisa, o lado de Affleck e Cranston, o lado que sabe (ou não) o que está fazendo.
Não é por acaso que Argo aparece como uma das principais apostas a concorrer ao Oscar de Melhor Filme de 2013, e também Affleck a concorrer pela Melhor Direção. Sem dúvida o melhor trabalho dele em toda sua carreira. Um thriller dramático e sério. Vale muito à pena.
Fonte: http://supernovo.net, através de Eder Augusto de Barros.
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