domingo, 13 de dezembro de 2015
Crítica: NO CORAÇÃO DO MAR, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Ao longo dos anos ouvi meus pais falando de como ficaram fascinados ao assistirem o filme Moby Dick de 1956, e estrelado por Gregory Peck na TV. Anos depois tive o prazer de assistir essa obra em DVD e ao mesmo tempo descobri que é baseado num clássico da literatura escrito pelo romancista Herman Melville em 1851. O que eu não sabia até alguns anos atrás, é que a obra é baseada em fatos verídicos, fatos que se encontram no livro Coração do Mar, escrito pelo historiador Nathaniel Philbrick e que agora é levado as telas numa superprodução.
Dirigido por Ron Howard (Rush - No Limite da Emoção) acompanhamos a jornada do baleeiro Essex, cuja missão da tripulação é caçar baleias e retirar delas o óleo que dá luz as cidades daquele tempo. A tripulação é comandada pelo capitão George Pollard (Herman Melville), mas liderada pelo primeiro almirante Owen Chase (Chris Hemsworth) e assim se cria uma rixa entre ambos ao longo das viagens. As desavenças entre eles começam a se desfazer, no momento que precisam unir suas forças, para que a viagem tenha sucesso, mas ao mesmo tempo quando precisam sobreviver perante aos ataques de uma imensa baleia branca. Tudo é narrado pelo personagem Old Thomas Nickerson (Brendan Gleeson), que dá todas as informações para o escritor Herman Melville (Ben Whishaw), que pretende escrever um livro sobre os ataques da baleia contra a tripulação do Essex.
Se você for assistir ao filme achando que é mais uma nova versão de Moby Dick se engana, pois a história verídica se diferencia da história que se tornou clássica. Porém, é impressionante que uma história real como essa se torne tão fascinante quanto aquela que nós conhecemos. Embora se passe em 1821, é um filme que fala sobre o nosso tempo atual, mais precisamente sobre a corrida em busca de recursos de energia e não permitir que as cidades fiquem na escuridão. Se hoje vivemos da água e do petróleo para sobrevivemos, naquele tempo caçavam animais livres pelo mar, pois acreditavam cegamente que era a única fonte de energia para eles. Com isso, o filme não busca tratar os personagens como mercenários marítimos, mas sim como pessoas comuns que buscam a sua sobrevivência, mesmo que sujem as suas mãos matando animais inocentes.
Se o filme poderia render polêmicas ao vermos caçadores de baleias como protagonistas, o roteiro se encarrega numa forma de nós não taxá-los como maus. Bom exemplo disso é a cena que, após matarem uma baleia, o sangue esguicha nos rostos dos personagens Owen Chase e no jovem Old Thomas Nickerson (Tom Holland). Suas expressões de incompreensão sobre o que fizeram são sentidas, talvez até de arrependimento, mesmo sabendo que é um mal necessário. Porém, se os ambientalistas que forem assistir a esse filme, não perdoarem mesmo assim, o castigo vem logo a seguir. No momento em que eles caçam um grande grupo de baleias, eles começam a ser atacados pela imensa baleia branca. É nesse momento que o cineasta Ron Howard capricha nos efeitos especiais, embalado com um 3D indispensável e em ângulos de cenas inusitados, mas ao mesmo tempo gerando um grau de verossimilhança e fazendo com que embarquemos em cada cena. Se antes a gente estava assistindo um filme que, por vezes, lembrava elementos de filmes como Tubarão ou Mestre dos Mares, no segundo ato em diante adentramos a um cenário já visto em filmes como Naufrágio e As Aventuras de Pi, em que a sobrevivência é o principal foco de todos.
A alma do filme pertence ao ator Chris Hemsworth: sempre com a pose de heróis de filmes de aventura, desde que começou a interpretar Thor no cinema, Hemsworth tem se dedicado cada vez mais em papeis que desafiam a sua veia artística. Aqui ele é o herói, porém humano, falho em suas ações e que sofre o diabo ao lado dos seus companheiros, ao ponto de mudar drasticamente o seu físico e se transformando numa imagem pálida do que ele já foi um dia. O filme se encaminha a um ato final aonde os personagens se apresentam em frangalhos, se humilham e fazem o impensável para sobreviver no mar sem fim. No final não há vencedores ou perdedores perante a força da natureza, mas sim um aprendizado a ser pensando, sobre qual é o papel do homem nesse mundo imenso. São perguntas que podem gerar inúmeras respostas, cujos debates se estendem até mesmo fora da tela. No Coração do Mar é um belo filme de aventura, onde a humanidade abraça as suas limitações, mas ao mesmo tempo se fortalece perante os seus erros e obstáculos que surgem nesse imenso mundo de mistérios.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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