segunda-feira, 18 de março de 2013

Acompanhe aqui! No A Hora Do Cinema a crítica sobre “Killer Joe - Matador de Aluguel”.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Se a história se repete como farsa, William Friedkin nos reapresenta, nesses novos termos, a violência de que os homens são capazes.

Em Killer Joe - Matador de Aluguel toca uma versão de "These Boots Are Made for Walkin'" que parece uma paródia da canção country consagrada na voz de Nancy Sinatra. Na verdade, o intérprete dessa versão ao mesmo tempo spaghetti e standard é o próprio compositor do hit de 1966, Lee Hazlewood (1929-2007), e ela está presente no último álbum do cantor, Cake or Death, de 2006.

"Bolo ou a morte" não só é um belo título, como também concilia os dois opostos que pautaram a carreira de Hazlewood, o fatalismo e a pieguice do country. No próprio ano de 1966, pouco depois de a versão de Nancy Sinatra estourar, Hazlewood gravou "Boots" sozinho, incluindo trechos falados em que satirizava o sucesso nas paradas. Essa iconoclastia, pela qual Lee Hazlewood é conhecido até hoje, se reflete em Killer Joe - como o pôster com o frango frito no formato do mapa do Texas já sugere.

É improvável que o cineasta William Friedkin e o autor da trilha Tyler Bates tenha pensado nisso tudo na hora de incluir "Boots" no filme, mas o fato é que a maneira de Hazlewood encarar as coisas do Sul dos EUA é muito parecida com a de seu conterrâneo de Oklahoma Tracy Letts, escritor da peça que deu origem a Killer Joe e também roteirista do filme. Letts e Friedkin já haviam trabalhados juntos em Possuídos (também baseado em peça do autor), e se o suspense de paranoia de 2006 já era apoteótico, Killer Joe adiciona insulto à injúria.

O "Zé Matador" em questão é Joe Cooper, policial de Dallas vivido por Matthew McConaughey em chave tudo-ou-nada. Ele é procurado pelo endividado Chris (Emile Hirsch), que quer matar a própria mãe e dividir o dinheiro do seguro com o pai (Thomas Haden Church). Chris só pede que sua virginal irmã Dottie (Juno Temple) não saiba de nada. Para azar de todos, porém, Joe aceita fazer o trabalho sujo com a condição de ter uma noite a sós com Dottie. O bolo ou a morte.

O que começa como uma comédia de erros com estereótipos de trailer trash do Sul (Haden Church no papel do idiota omisso rouba cenas mesmo ao lado do Evento McConaughey) rapidamente se transforma numa expurgação de males, um conto de fadas espetacularmente ultrajante em que Dottie, a princesa, representa a última reserva de pureza do mundo e Joe, seu candidato a cavaleiro, assume a responsabilidade pelo expurgo. Se ao invés de policial Joe Cooper fosse pastor não faria muita diferença; o clímax não ensaiado de Killer Joe (Friedkin diz que busca a espontaneidade desde que se arrependeu dos longos ensaios na preparação do seu O Exorcista de 1973) parece um ritual de descarrego.

Os filmes de William Friedkin vivem no limite do caos e do horror – a entrega de Al Pacino em Parceiros da Noite, a tragédia anunciada de Operação França – porque só experimentando a violência para assim entende-la. E ainda assim, Killer Joe não deixa de ser uma comédia de erros. Talvez seja uma tendência doentia dos envolvidos apenas, ou talvez seja a certeza de que a violência no cinema hoje se vulgarizou a ponto de, nesses termos, ser preciso abraçá-la enquanto farsa, para que tenhamos noção de novo do que são capazes os homens e os seus atos.

Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: http://omelete.uol.com.br, através de Marcelo Hessel.

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