domingo, 24 de julho de 2016
Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis na Sala Redenção – Cinema Universitário.
Dane-se a Morte (S’en Fout La Mort, França, 1990, 91min) Dir. Claire Denis
Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com Aliança Francesa de Porto Alegre, Cinemateca da Embaixada da França e Institut Français, apresenta Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis. Cineasta e roteirista francesa, Claire Denis estudou economia antes da formação em cinema pelo Instituto de Altos Estudos Cinematográficos, a atual Fémis, École Nationale Supérieure des Métiers de L'image et du Son. Trabalhou como assistente de direção para Robert Enrico, Jacques Rivette, Costa-Gavras e Jim Jarmusch. Conta quase sempre com a mesma equipe de colaboradores, como o roteirista Jean-Pôl Fargeau, a diretora de fotografia Agnès Godard, a montadora Nelly Quettier e o compositor Stuart Staples. Filha de um oficial francês, cresceu em Camarão, na África, fato que marca sua filmografia, como em seu primeiro filme Chocolat (1988), inspirado em sua infância. Os temas centrais de sua obra giram em torno do desejo, do amor, e da violência que os cercam. As narrativas de Denis orbitam também em torno do estranho, da sexualidade, da subjetividade das relações, e aborda os conflitos raciais, a identidade e os fluxos migratórios. O cinema de Denis é bastante sensorial, exigindo do espectador uma experiência quase táctil com os espaços, ambientes e com os personagens. O olhar da cineasta percorre os extremos, explorando ao mesmo tempo a delicadeza e a crueldade, a leveza e o peso, o distanciamento e a proximidade, resultados de uma mise en scène atenta e precisa no que diz respeito ao enquadramento, ao movimento de câmera, à composição do quadro. Os corpos nos filmes de Claire Denis são objetos de desejo, de tensão, mas também de delicadeza e dança. Eles surgem diante do espectador com toda a sua beleza, ao mesmo tempo revelando sua brutalidade, suas feridas, marcas e cicatrizes, causando sensação de estranhamento. A indiferença do espectador diante das imagens de Claire Denis é algo impossível: seu cinema é visceral, como as vísceras presentes em suas narrativas. Desejo e obsessão (2001) e Bom Trabalho (1993) são filmes que exploram os limites do corpo selvagem e delicado, um corpo que dança e que é constituído (ou construído) também de memória e de poesia bruta. Outra questão central na obra da cineasta é a da identidade. Ao abordar o fluxo migratório, os deslocamentos constantes entre países, Claire Denis traz para o centro da cena aqueles que estão à margem, que não pertencem mais a um local, a um território geográfico, mas a dois, a vários ou, em última instância, a nenhum. Personagens que caminham em busca de um novo lugar no mundo, de uma identidade sem território específico, pois já não é mais possível ser da África, da Lituânia e muito menos tornar-se da Europa. Dane-se à morte (1990), Noites sem dormir (1993), 35 doses de rum (2008) e O intruso (2004) são filmes que exploram mais de perto essas questões, mesmo que não abandonem as temáticas já citadas. Uma curiosidade: seu avô era brasileiro, nascido em Belém.
O Quê: Corpo, paisagem e estranhamento: o cinema sensorial de Claire Denis
Quando: 01 a 19 de agosto
Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS
Quanto: Entrada Franca
Coordenação e curadoria da Sala Redenção – Cinema Universitário: Tânia Cardoso de Cardoso
Departamento de Difusão Cultural da UFRGS
Dane-se a Morte (S’en Fout La Mort, França, 1990, 91min) Dir. Claire Denis
01 de agosto- segunda-feira - 16h
08 de agosto- segunda-feira - 19h
09 de agosto- terça-feira - 16h
16 de agosto- terça-feira – 19h
19 de agosto- sexta-feira – 16h
A vida de dois irmãos imigrantes do oeste da África no subúrbio de Paris. Confinados, eles preparam os animais para a briga de galo no subsolo do restaurante onde trabalham.
Após a sessão do dia 08 de agosto, segunda-feira, às 19h, debate com Carla Oliveira, médica e integrante do grupo de pesquisa Academia das Musas.
Noites sem Dormir (J’ai pas Sommeil, França, 1993, 110min) Dir. Claire Denis
01 de agosto- segunda-feira – 19h
02 de agosto- terça-feira – 16h
09 de agosto- terça-feira – 19h
10 de agosto- quarta-feira – 16h
17 de agosto- quarta-feira – 16h
É madrugada quando Daïga parte da Lituânia em direção a Paris ao volante de seu velho carro, tendo como bagagem apenas um pouco de dinheiro, dois números de telefone e muitos cigarros, em direção a Paris.
Bom Trabalho (Beau Travail, França, 1999, 93min) Dir. Claire Denis
02 de agosto- terça-feira – 19h
03 de agosto- quarta-feira – 16h
10 de agosto- quarta-feira – 19h
11 de agosto- quinta-feira – 16h
18 de agosto- quinta-feira – 19h
O filme é um passeio coreográfico pelo campo de treinamento da Legião Francesa, no nordeste da costa africana. As imagens mostram o universo repressor e os conflituosos sentimentos de um sargento.
Desejo e Obsessão (Trouble Every Day, França, 2001, 101min) Dir. Claire Denis
3 de agosto- quarta-feira – 19h
4 de agosto- quinta-feira – 16h
11 de agosto- quinta-feira – 19h
12 de agosto- sexta-feira – 16h
18 de agosto- quinta-feira – 16h
Shane e June são um perfeito casal americano em lua de mel em Paris na tentativa de reconstruir uma vida nova. Secretamente, Shane começa a frequentar uma clínica médica que trata da libido humana e deixa-se levar por perigosos impulsos sexuais.
O Intruso (L’Intrus, França, 2004, 119min) Dir. Claire Denis
4 de agosto- quinta-feira – 19h
5 de agosto- sexta-feira – 16h
12 de agosto- sexta-feira – 19h
15 de agosto- segunta-feira – 16h
17 de agosto- quarta-feira – 19h
Louis Trebor vive recluso nas alturas das montanhas jurassianas com seus dois cachorros. Ele e natureza parecem formar um só ente, e as suas relações com os homens são cada vez mais difíceis, especialmente com o filho, Sidney.
35 Doses de Rum (35 Rhums, Alemanha/França, 2008, 100min) Dir. Claire Denis
5 de agosto- sexta-feira – 19h
8 de agosto- segunda-feira – 16h
15 de agosto- segunda-feira – 19h
16 de agosto- terça-feira – 16h
19 de agosto- sexta-feira – 19h
O viúvo Lionel é condutor de trens e vive num complexo habitacional com sua filha Josephine, que criou sozinho e é muito próxima dele. Um taxista flerta com Josephine e eles passam a sair juntos, enquanto Lionel se aproxima de uma mulher de meia-idade.
Fonte: Departamento de Difusão Cultural - Coordenadora e curadora da Sala Redenção - Cinema Universitário, através de Tânia Cardoso de Cardoso.
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