terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Crítica: Lampião da Esquina, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Graças à internet hoje é fácil obter notícias para ficarmos bem informados, principalmente em nosso atual momento, em que o jornalismo televisivo cada vez mais vai se tornado parcial. Contudo, houve um tempo que era escasso a obter informações, das quais o papel do jornal era algo crucial na vida das pessoas que buscavam notícias para ficar bem informado. Em Lampião da Esquina, o documentário não só destrincha um jornal que foi pioneiro para informação, como também fez com que muitas pessoas da comunidade LGBT saíssem do armário sem medo e se identificasse com o conteúdo lido.
Dirigido por Lívia Perez e co-produção de Doctela e Canal Brasil, o documentário possui depoimentos do dramaturgo Aguinaldo Silva, do escritor João Silvério Trevisan, do poeta Glauco Macoso, do produtor cultural Celso Curi, e do antropólogo Petr Fry. Durante as entrevistas, eles destrincham lembranças, provando através de imagens de arquivos, como o jornal com um conteúdo até então inédito para as pessoas, acabou mexendo com todas elas. O filme ainda traz entrevistas com figuras constantes nas páginas do Lampião como o cantor Ney Matogrosso, a cantora Leci Brandão e o cantor Edy Star, além da participação de Winston Leyland, editor do Gay Sunshine, publicação americana gay pioneira no mundo e que influenciou o Lampião.
No decorrer do filme, percebemos a paixão que os realizadores tinham pelo que faziam, mas ao mesmo tempo mostrando disposição e coragem, principalmente pelo fato de que ser gay nos anos 60 e 70 era visto como algo abominável aos olhos dos conservadores da época. Por outro lado, o jornal atraiu inúmeras pessoas, não somente da comunidade LGBT, como também pessoas de mente aberta e que buscavam um olhar alternativo com relação a determinadas noticias da época. Portanto, não é a toa que as edições publicadas atraiam, não só outros meios de comunicação, como também partidos de esquerda e até mesmo o meio artístico.
Com um ritmo dinâmico, a obra não somente possui inúmeros depoimentos, como também ele nos brinda com as principais matérias que foram destaque na época. Com as imagens saltando da tela, percebemos como determinados assuntos revistos hoje evoluíram, mas ao mesmo tempo alguns ainda se encontram estagnados. Bom exemplo é quando testemunhamos um noticiário de um grupo de mulheres protestando em a favor da legalidade do aborto nos anos 70, sendo que é uma imagem poderosa e que ecoa até mesmo nos eventos recentes vistos em nosso país.
Até o início dos anos 80, o jornal sobreviveu bravamente, mas diferente de outras leituras jornalísticas que duram até hoje, O Lampião foi algo que não sobreviria perante o seu próprio poder da mudança, já que ele próprio havia influenciado outros jornais, tanto de São Paulo como também do Rio de Janeiro, ao criarem um material similar e até mesmo superior. Com isso, gradualmente o jornal foi dando Adeus e seus realizadores cada um seguiu o seu caminho.
Contudo, Lampião da Esquina é um documentário feito com carinho e uma prova que determinados meios jornalísticos podem sim mudar os rumos de uma sociedade, para um futuro melhor e sem ter nenhum preconceito com o próximo.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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