quinta-feira, 6 de abril de 2017

Crítica: SILÊNCIO, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


No século 17, dois padres jesuítas, Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupe (Adam Driver) vão ao Japão para saber do paradeiro do seu professor e padre Ferreira (Liam Neeson) que não havia mais dado noticias, após o envio de uma reveladora carta. Ao chegarem à terra do sol nascente, Rodrigues e Garupe dão de encontro com uma sociedade dividida, onde japoneses a serviço do governo capturam e torturam outros japoneses, que aderiram ao cristianismo. Aos poucos, ambos os padres irão adentrar em situações das quais irão testar a sua própria fé.

Silêncio, já é um projeto bastante antigo de Scorsese, mas que somente ganhou a luz à pouco tempo, graças ao fato do Diretor ter, já um bom tempo, carta branca vinda de inúmeros estúdios, pois não é fácil levar para ao cinema uma trama que toca num imenso vespeiro. Para começar, não espere ver os padres como os verdadeiros heróis da trama, mas tão pouco os japoneses que não aceitam a fé cristã, pois o debate aqui vai muito mais a fundo, afinal, quem está realmente certo, com relação ao que acredita?

Infelizmente o homem se apegou a imagem e regras criadas pela igreja, de uma forma tão forte, que parece até impossível a pessoa se reprogramar para ter um pensamento mais aberto, em relação ao mundo no qual vive. Scorsese então mostra de uma forma nua e crua que, o embate de pensamentos distintos sempre irá causar dor e morte, pois jamais será fácil mudar o que se pregou ao longo dos séculos.

Os jovens padres Rodrigues e Garupe vão ao oriente tendo a certeza com relação no que acreditar, mas os horrores que presenciam fazem com que se perguntem se estão no caminho certo, pois ambos não escutam nada vindo do próprio Deus. O título silêncio, por exemplo, vem do fato da possibilidade de não haver nada além do que nós mesmos dizemos ao rezarmos, pedindo ajuda a Deus, pois o que resta fica sendo somente a nossa força de vontade e a crença que, por vezes, nos cega fortemente. Não significa que o filme queira nos dizer para sermos descrentes, mas sim nos fazer perguntar a nós mesmos, quem está certo ou errado nessa história?

Podemos nos horrorizar pela forma brutal, que os japoneses usam para esmagar o cristianismo no decorrer do filme, mas ao mesmo tempo, nos faz a gente se dar conta que isso é um caso em muitos, provocado pela persistência da igreja em querer doutrinar pessoas de povos tão distintos. Uma coisa é crer e pregar a paz, mas outra é radicalizar e provocar uma onda de mortes, destruição em massa e das quais, infelizmente, se prolonga até hoje.

Com esse pensamento, eu creio que Silêncio talvez venha a ser um filme que irá gerar inúmeros debates no decorrer do tempo, mas que, infelizmente, não serão todos os crentes desse mundo que irão conseguir apreciá-lo como um todo.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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