domingo, 14 de junho de 2015

Mostra “Marcas da Memória” acontecerá na Sala Redenção entre os dias 18 a 30 de junho.




Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça. Dom Paulo Evaristo Arns


A Sala Redenção – Cinema Universitário convida o público a refletir a respeito de um dos mais conturbados períodos da história brasileira: a ditadura civil-militar que comandou o país durante 21 anos.

Sob organização do grupo de pesquisa Constitucionalismo e Justiça de Transição na América Latina, da Faculdade de Direito da UFRGS, a segunda edição da mostra traz uma compilação de filmes e documentários que permitem uma intensa imersão nos conflitos da época.

O período de ditadura é, por natureza, sombrio, nebuloso, vazio em esclarecimentos e pobre em pluralidade: a imprensa é alvo de censura ou, muitas vezes, palco de conivência com o regime; os discursos oficiais tornam-se incontestáveis; as vozes de discordância são perseguidas. Desse contexto, surge a importância que o cinema e as artes assumem com relação às épocas de repressão, funcionando como ferramentas, não só de resistência, mas de posterior retratação de memórias ocultadas.

A mostra Cinema pela Verdade traz obras nacionais que integram o acervo do projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. São filmes que cumprem a função de resgatar o que se passou por detrás dos discursos oficiais e das manchetes maquiadas dos principais jornais da época, dando voz a quem tanto lutou para ser escutado. Ainda que a maior parte das obras volte-se ao exemplo brasileiro, a temática é universal, já que a luta e a defesa dos direitos humanos representam valores que não se medem em fronteiras.

As obras cinematográficas, portanto, rompem o silêncio e apresentam histórias de resistência, coragem e luta, pois, através do resgate da história e da enunciação de feitos sonegados, viabiliza-se o acesso à verdade e à memória sobre os fatos então ocorridos. Afinal, é conhecendo a verdade sobre nosso passado que poderemos extrair melhores lições para o futuro.

Daniela Cenci Lima, graduanda em ciências jurídicas e sociais e integrante do grupo de pesquisa.


O Quê: Marcas da memória

Quando: 18 de junho a 30 de junho

Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS

Quanto: Entrada Franca


Segue programação da Mostra “Marcas da memória”

O FIM DO ESQUECIMENTO
18 de junho – quinta-feira – 16h
24 de junho – quarta-feira – 19h
(Brasil, 2012, 54min) Dir. Renato Tapajós
O filme procura personagens que participaram do Tribunal Tiradentes e outros que se destacaram na luta pelos Direitos Humanos, para retomar a questão da Doutrina de Segurança Nacional, depois de três décadas. Investiga os resquícios daquela doutrina nos dias de hoje, aborda a tentativa das classes dominantes de, depois que os militares saíram do poder, promover o esquecimento dos graves fatos ocorridos durante a ditadura.

500 – OS BEBÊS ROUBADOS PELA DITADURA ARGENTINA
18 de junho – quinta-feira – 19h
19 de junho – sexta-feira – 16h
(BRA, 2015, 100 min) Dir. Alexandre Valenti
Entre 1976 e 1983, a Argentina viveu sombrios anos de ditadura militar. Neste período, famílias inteiras foram despedaçadas pela repressão clandestina empreendida por um estado terrorista que ceifou a vida de cerca de 30 mil argentinos. Dentre as práticas do regime estava o sequestro sistemático de bebês e crianças, filhos de presos e desaparecidos políticos, que eram apropriados por seus algozes com espólio de guerra. A partir da iniciativa das Avós da Praça de Maio criou-se o “Banco dos 500”, o que possibilitou a descoberta de 114 das 500 crianças sequestradas.

DAMAS DA LIBERDADE
19 de junho – sexta-feira – 19h
22 de junho –segunda-feira – 16h
(Brasil, 2012, 28min)
Através de narrativas de mulheres do Movimento Feminino pela Anistia e do Comitê Brasileiro pela Anistia é contada a história de luta do movimento no Brasil nos anos de 1970, reacendendo o debate sobre um período de repressão e medo que o país jamais deverá esquecer.

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VOU CONTAR PARA OS MEUS FILHOS
(Brasil, 2011, 24min) Dir. Tuca Siqueira
Entre os anos de 1969 e 1979, 24 jovens mulheres estiveram presas na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor, em Recife (PE) porque lutavam por igualdade social e pela democracia em uma época em que o Brasil enfrentava uma ditadura militar. Passados 40 anos, o reencontro delas, que hoje moram em diferentes Estados do país, traz de volta não apenas os laços de solidariedade que surgiram no presídio, mas também a lembrança de um Brasil que tentou calar vozes e violentar sonhos.

REPARE BEM
22 de junho – segunda-feira – 19h
23 de junho – terça-feira – 16h
(Brasil, 2012, 105min) Dir. Maria de Medeiros
Neste filme, vencedor do kikito de melhor filme no Festival de Gramado de 2013, a diretora Maria de Medeiros realiza o documentário sobre ditadura por meio da história de três gerações de mulheres. As câmaras registraram em Roma e em Joure, no norte da Holanda, os testemunhos de Denise Crispim e de sua filha, Eduarda Ditta Crispim Leite. Apesar de longe do Brasil, suas palavras, que falam de exílio e de memória, levam- nos a um mergulho profundo na história do Brasil, dos anos 70 até a atualidade.

OS ADVOGADOS CONTRA A DITADURA: POR UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA
23 de junho – terça-feira – 19h
24 de junho – quarta-feira – 16h
(Brasil, 2013, 130min) Dir. Silvio Tendler
Com a instauração da ditadura militar por meio de um golpe das Forças Armadas do Brasil, no período entre 1964 e 1985, o papel dos advogados na defesa dos direitos e garantias dos cidadãos foi fundamental no confronto com a repressão, ameaças e todo tipo de restrições.

A MESA VERMELHA
25 de junho – quinta-feira – 19h
26 de junho – sexta-feira – 16h
(Brasil, 2012, 78min) Dir. Tuca Siqueira
Uma mesa vermelha é a palavra de 23 ex-presos políticos. No documentário, senhores e jovens comentam sobre a convivência nos presídios masculinos pernambucanos durante o período militar. Da chegada ao cárcere, do afeto, da greve de fome, do papel dos coletivos dentro da cadeia. O sentimento de pertencimento é o que move este filme.

MILITARES DA DEMOCRACIA: OS MILITARES QUE DISSERAM NÃO
26 de junho – sexta-feira – 19h
29 de junho – segunda-feira – 19h
(Brasil, 2013, 100min) Dir. Sílvio Tendler
Eles lutaram pela Constituição, pela legalidade e contra o golpe de 1964, mas a sociedade brasileira pouco ou nada sabe a respeito dos oficiais que, até hoje, ainda buscam justiça e reconhecimento na história do país. Militares da Democracia resgata, através de depoimentos e registros de arquivos, as memórias repudiadas, sufocadas e despercebidas dos militares perseguidos, cassados, torturados e mortos, por defenderem a ordem constitucional e uma sociedade livre e democrática.

EU ME LEMBRO
29 de junho – segunda-feira – 16h
(Brasil, 2012, 96min) Dir. Luiz Fernando Lobo
Eu me Lembro é um documentário sobre os cinco anos das Caravanas da Anistia e reconstrói a luta dos perseguidos por reparação, memória, verdade e justiça, com imagens de arquivo e de entrevistas em 94 minutos.

SE UM DE NÓS SE CALA
30 de junho – terça-feira – 16h
(Brasil, 2013, 68min) Dir. Célia Maria Alves e Vera Côrtes
Se um de nós se cala insere Goiás no contexto do golpe militar de 1964. A partir de relatos de anistiados que à época eram jovens estudantes e militantes políticos, o documentário resgata e revela os motivos pelos quais Goiás foi o único estado brasileiro que sofreu intervenção militar.

EM NOME DA SEGURANÇA NACIONAL “imagem acima”
25 de junho – quinta-feira – 16h
30 de junho – terça-feira – 19h
(Brasil, 2012, 45min) Dir. Renato Tapajós
O filme tem como eixo narrativo o Tribunal Tiradentes, organizado pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo em 1983. Dirigido por Renato Tapajós, o filme acrescenta às cenas do Tribunal diversos materiais, tanto de arquivo quanto ficcionais, e discute a Doutrina de Segurança Nacional, eixo ideológico da ditadura implantada pelo golpe de 1964, e o efeito que ela teve sobre diversos segmentos da sociedade brasileira.

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ANISTIA 30 ANOS
(Brasil, 2009, 19min) Dir. Luis Fernando Lobo
O filme retrata a história da Ditadura Militar no Brasil, a luta do povo brasileiro pela liberdade, pela Anistia. Durante um período sombrio da história do Brasil, ouve-se um grito de esperança e justiça, o povo reivindicou seus direitos e conseguiu. Foram criadas a Lei da Anistia e a Comissão de Anistia, posteriormente.


Fonte: Departamento de Difusão Cultural, Coordenadora e curadora da Sala Redenção - Cinema Universitário, através de Tânia Cardoso de Cardoso.

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