domingo, 28 de junho de 2015

Mostra Max Ophüls em julho na Sala Redenção – Cinema Universitário.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Em julho, a Sala Redenção – Cinema Universitário apresenta três programações especiais em parceria com Sesc/RS. Nas duas primeiras semanas exibiremos quatro filmes do realizador alemão Max Ophüls. Na programação temos dois filmes realizados na temporada nos Estados Unidos – Carta de uma Desconhecida (1948) e Na teia do destino (1949) –, e dois já no seu retorno à França – Desejos proibidos (1953 e Lola Montês (1955), país que escolheu para viver. Um dos tantos realizadores europeus que vai para os Estados Unidos, fugindo do nazismo, e retornando para Europa – no caso dele para França – após o final da Segunda Guerra Mundial. François Truffaut escreve em 1957, ano da morte de Max Ophüls, que há dois tipos de diretores. Aqueles que afirmam que cinema é muito difícil, e aqueles que dizem que cinema é fácil, bastando fazer o que lhe der na cabeça e se divertir. Para o diretor francês, Ophüls pertencia à segunda categoria, salientando que este não era virtuoso nem esteta, muito menos um cineasta decorativo. Segundo ele, não era para “fazer direito” o motivo pelo qual o realizador alemão filmava muitos planos em um único movimento de câmera que atravessava todo o cenário, também não era para chocar que sua câmera corria pelas escadas, ao longo das fachadas, na plataforma de uma estação. Segundo Truffaut, Ophüls sacrificava a técnica em favor da interpretação dos atores, como Jean Renoir. Da mesma forma, o personagem principal de sua obra era a mulher, a mulher ultrafeminina, vítima de todos os tipos de homens, ele mostrava a crueza do prazer, os dramas do amor e as armadilhas do desejo – e por tratar de temas eternos, por muitos era considerado ultrapassado e anacrônico. Truffaut escreve, ainda, sobre Lola Montès (1955), que é o filme que deveria ser defendido em 1956: “um cinema de autores que, ao mesmo tempo, é um prazer para os olhos, um cinema de ideias, onde as invenções jorram a cada imagem, um cinema que não usurpa o pré-guerra, um filme que arromba as portas há muito condenadas” (p. 258). Uma das questões que o crítico destaca sobre o filme de Max Opüls é que a construção da narrativa desorganiza a cronologia e faz pensar em Cidadão Kane (1941), de Orson Welles, mas que se beneficia da contribuição do cinemascope. Para o crítico, ao invés de o diretor submeter ingenuamente os atores ao enquadramento inumano da tela, ele doma a imagem, divide-a, multiplica-a, contrai-a ou dilata-a conforme as necessidades de sua direção. Para ele, a estrutura da obra é nova e audaciosa, e arrisca confundir o espectador distraído ou aquele que chega no meio do filme. O que o leva a afirmar que Max Ophüls é o cineasta do século XIX, já que não se se tem a impressão de estar assistindo a um filme histórico, mas a de ser um espectador de 1850, como acontece na leitura de Balzac.

Tânia Cardoso de Cardoso e Giovani Borba, curadores.


O Quê: Mostra Max Ophüls

Quando: 01 de julho a 10 de julho

Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS

Quanto: Entrada Franca


Carta de Uma Desconhecida (Letter from an Unknown Woman, EUA, 1948, 86min) Dir. Max Ophuls
1 de julho- quarta-feira – 16h
6 de julho- segunda-feira – 19h
7 de julho- terça-feira – 16h
9 de julho- quinta-feira – 16h
Viena, início do século XX. O famoso pianista clássico Stefan Brand (Louis Jourdan) recebe uma misteriosa carta escrita por uma mulher, Lisa Berndle (Joan Fontaine), que o amou durante toda sua vida.

Na Teia do Destino (The Reckless Moment, EUA, 1949, 80min) Dir. Max Ophuls
1 de julho- quarta-feira – 19h
2 de julho- quinta-feira – 16h
7 de julho- terça-feira – 19h
8 de julho- quarta-feira – 16h
Após a morte acidental do amante indesejável de sua filha, Lucia Harper (Joan Bennett) esconde o corpo para proteger sua família. Após um tempo, o parceiro do morto (James Mason) aparece e começa a chantageá-la.

Desejos Proibidos (Madame de..., França, Itália, 1953, 97min) Dir. Max Ophuls
2 de julho- quinta-feira – 19h
3 de julho- sexta-feira – 16h
9 de julho- quinta-feira – 19h
10 de julho- sexta-feira – 16h
No início do século 20, em Paris, Louise, mulher de general vende os brincos que ele lhe dera para pagar uma dívida de jogo. Quando o marido descobre, ele compra as joias de volta e as dá para sua amante, Lola.

Lola Montés (Lola Montès, França, Alemanha, 1955, 115min) Dir. Max Ophuls
3 de julho- sexa-feira – 19h
6 de julho- segunda-feira – 16h
10 de julho- sexta-feira – 19h
Num circo decadente, a cortesã Lola Montes (1820-1861) estrela um espetáculo sobre a sua vida de aventuras, marcada pelos romances com o compositor Franz Liszt e o rei Ludwig I da Baviera. Por meio de flashbacks, entramos no universo de memórias dessa fascinante e melancólica personagem.


Fonte: Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, Coordenação e curadoria da Sala Redenção – Cinema Universitário: Tânia Cardoso de Cardoso.

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