Cinema brasileiro a partir da retomada
A obra de Marcelo Ikeda traça um panorama das políticas públicas para o setor audiovisual, com ênfase nas cinematográficas, nas últimas duas décadas. Nesse período, com mudanças marcantes, o cinema enfrentou altos e baixos. Analisando os períodos de reconstrução, consolidação e reavaliação do modelo estatal, o autor oferece um estudo rico e atual sobre um importante ramo da economia criativa.
Há 20 anos, o filme Carlota Joaquina levava ao cinema 1,4 milhão de espectadores. Com apenas 40 cópias e orçamento de R$ 600 mil, o longa-metragem ficou em cartaz no país durante 11 meses e fez história: tornou-se o marco da chamada “retomada”. De 1995 para cá, o cinema nacional passou por grandes mudanças, oscilando entre a crise profunda e momentos de incontida euforia. No livro Cinema brasileiro a partir da retomada – Aspectos econômicos e políticos (272 p., R$ 62,50), lançamento da Summus Editorial, o cineasta, professor e crítico de cinema Marcelo Ikeda percorre os últimos 25 anos para traçar um panorama das políticas públicas – sobretudo as cinematográficas – para o setor audiovisual no Brasil, mesclando um referencial teórico sobre as transformações do Estado brasileiro no período com uma extensa compilação de dados de captação de recursos e da performance de filmes nacionais no mercado local. Cinema brasileiro a partir da retomada
Para compor a obra, Ikeda estabeleceu sua pesquisa em três grandes momentos do cinema nacional nesse período. O primeiro corresponde à reconstrução do apoio estatal ao cinema brasileiro, com a implantação do modelo de fomento indireto baseado nas leis de incentivo fiscal (Lei Rouanet e Lei do Audiovisual) no governo Collor; o segundo, à consolidação do modelo estatal no fim do mandato do governo FHC, com base na atuação de um “tripé institucional” formado pelo Conselho Superior do Cinema, pela Secretaria do Audiovisual e, sobretudo, pela Agência Nacional do Cinema (Ancine); e o terceiro, já no governo Lula, à reavaliação desse modelo e aos novos rumos na política cultural brasileira, com o Estado retomando seu poder ativo de proposição das políticas culturais.
Ao percorrer as duas décadas, o autor buscou relacionar as mudanças nas políticas culturais com as próprias transformações sofridas pelo Estado brasileiro. “Desse modo, é possível analisar as políticas culturais do período como um reflexo do próprio Estado brasileiro, entre o “Estado mínimo” do governo Collor, o “Estado regulador” do governo FHC e o “Estado propositivo” do governo Lula, ainda que não necessariamente interventor, como o Estado desenvolvimentista dos anos 1970”, afirma.
Para mostrar o impacto do modelo de incentivo fiscal no mercado cinematográfico, apontando para algumas de suas lacunas e distorções, o autor fez também uma ampla compilação – ilustrada por tabelas e gráficos – de dados sobre a capitação de recursos incentivados e sobre a performance de filmes brasileiros em diferentes mercados.
Por fim, no epílogo, Ikeda trata das políticas audiovisuais na primeira fase do governo Dilma e se estende a uma projeção da atividade para os próximos anos.
O autor
Marcelo Ikeda é professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceara (UFC). Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), sua dissertação, que originou esta obra, recebeu em 2012 o Prêmio Economia Criativa – Apoio a Estudos e Pesquisas, concedido pelo Ministério da Cultura. Trabalhou na Agência Nacional do Cinema (Ancine) entre 2002 e 2010, ocupando diversas funções, como Assessor da Diretoria e Coordenador das Superintendências de Desenvolvimento Financeiro (SDF) e de Acompanhamento de Mercado (SAM). Ministrou diversos cursos e palestras sobre leis de incentivo e economia do audiovisual em instituições como Film & TV Business (FGV/RJ), Instituto de Estudos da Televisão (IETV) e Vila das Artes (CE). Também é cineasta, crítico de cinema e curador de mostras e festivais de cinema.
Título: Cinema brasileiro a partir da retomada – Aspectos econômicos e políticos
Autor: Marcelo Ikeda
Editora: Summus Editorial
Preço: R$ 62,50 (E-book: R$ 43,70)
Páginas: 272 (17 x 24 cm)
Fonte: Imprensa Summus Editorial, através de Ana Paula Alencar.
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