sábado, 29 de agosto de 2015

Crítica: O Pequeno Príncipe (2015), ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Às vezes a nossa vida real é muito mais fascinante do qualquer ficção. Porém, quando ambas se misturam, gera então algo genuíno, do qual acabamos não sabendo separar esses dois lados. Em alguns casos, realidade e fantasia sempre andaram de mãos dadas e O Pequeno Príncipe talvez seja um dos melhores exemplos vindo no início do século 20.

Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944) era um piloto francês que acabou sendo abatido pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Um ano antes, ele havia escrito a sua obra-prima O Pequeno Príncipe, que há quem diga ele criou se inspirando num momento em que ele ficou perdido no deserto. Em 2004 o avião abatido do qual se encontrava Exupery foi encontrado, mas o corpo jamais foi localizado.

A partir da ideia da possibilidade do escritor não ter morrido na época em que foi dado como morto acaba servindo de estopim para a criação desse filme, em que uma trama original é criada e enlaçada com a que todos nós conhecemos a partir do livro. Dirigido por Mark Osborne (Kung Fu Panda), a trama começa nos apresentando uma pequena menina, que por sua vez é moldada a todo custo por uma mãe que sonha em ver a filha ser bem sucedida na vida. No seu primeiro dia em uma nova casa, a menina conhece um velho aviador que mora ao lado, que tenta a todo custo tirar do chão o seu velho avião e para assim conseguir reencontrar o pequeno príncipe que ele havia conhecido no passado.

Claro que, a partir do momento em que a menina fica curiosa com relação aquele universo daquele velho aviador, ela acaba também conhecendo a história do menino que vivia num asteroide e que cuidava de sua querida rosa. Todas as passagens da obra que nós conhecemos estão lá: a saída do protagonista de seu asteroide e sua ida em outros planetas; o encontro dele com a raposa; amizade que ele cria através do aviador perdido no deserto e o encontro com a famigerada cobra.

Porém, é preciso ressaltar que o filme não reproduz com exatidão a obra como um todo, mas sim adapta o que é de mais essencial que se encontra nela. As passagens filosóficas são muito bem adaptadas e elas funcionam muito bem, mesmo nos dias de hoje: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Se essa frase Fez uma geração inteira pensar décadas atrás, no mundo de hoje, sua mensagem e efeito ainda funciona e nos toca profundamente.

Exupéry com certeza era alguém que possuía uma mente a frente do seu tempo, pois o seu livro dá valor as simples coisas da vida, ao invés de simplesmente almejar por algo mais. Isso se enlaça com a proposta apresentada na sub-trama da mãe e filha, sendo ambas presas ao futuro inserto, e que acabam lutando desnecessariamente para adquirir uma vida bem sucedida, mas esquecendo do que realmente faz delas felizes. Isso se fortifica ainda mais no terceiro e último ato da trama, aonde os roteiristas transformaram numa espécie de continuação dos eventos do livro e se criando uma espécie de metáfora sobre a corrida desenfreada pela riqueza, profissionalismo e consumismo do mundo contemporâneo de hoje.

Se a trama já nos fascina, visualmente o filme não fica nenhum pouco atrás. De forma rara, acompanhamos a trama da menina na forma de animação computadorizada tradicional, mas no momento em que entramos nas passagens do livro, o filme se transforma em stop motion e gerando inúmeras belas imagens: a passagem do conto em que o príncipe se encontra com a raposa e aprende um novo significado sobre o amor que ele teve por sua rosa, são de uma beleza enlouquecedora e que nos faz desejar que esse tipo de animação continue no cinema para sempre.

Embora seja um filme, que possui uma linguagem da qual os pequenos de hoje pouco estão acostumados, O Pequeno Príncipe é um filme que merece ser visto por todos, pois nunca é demais os pais de hoje mostrar aos filhos os velhos e bons ensinamentos do qual esse conto lhes proporcionaram no passado.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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