domingo, 2 de agosto de 2015
Crítica: Woody Allen - Um Documentário, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Há diretores que levam anos para filmar um próximo filme, não por falta de ideias, mas sim devido ao seu lado perfeccionista que fala mais alto. Portanto, são poucos que fazem inúmeros filmes ao longo dos anos e que se mantenha uma visão autoral de qualidade. Ao lado de diretores como Martin Scorsese e Alfred Hitchcock, Woody Allen pertence a esse pequeno grupo de cineastas que filmam inúmeros títulos ao longo das décadas, mas que dificilmente perde em termos de qualidade de roteiro e do modo de filmar.
Dirigido por Robert B. Weide (O Doador de Memórias) acompanhamos, não somente depoimentos do cineasta, como também dos seus amigos, colegas e até mesmo de outros cineastas (como Scorsese), que o admiram pela forma dele sempre manter a sua visão autoral até hoje e que perdura por mais de quarenta anos de atividade. O documentário explora a forma como o cineasta cria os seus roteiros que, pelo visto, não se seduziu pelas tecnologias de hoje, como um computador. De uma forma simples, Allen escreve os seus roteiros na mesma máquina de escrever que está com ele por mais de quatro décadas e que dali surgiram ideias para a criação de clássicos como Noivo Neurótico e Noiva Nervosa (1977).
O documentário desvenda as suas raízes que, de um simples comediante de auditório, passou a ser convidado a participar em pontas de alguns filmes, para assim começar a chamar atenção como roteirista, a partir de Bananas (1971). Allen cada vez mais teve controle na criação de suas obras e rendendo sucesso de público e crítica um atrás do outro. Porém, o documentário explora também os altos e baixos da carreira, como sempre ficar marcado como um cineasta de comédias ou quando se arrisca na criação de algo novo e dá um passo em falso na criação de dramas como Interiores (1978).
Não se dando por vencido, Allen deu a volta por cima, em filmes em que, tanto ele manteve as características que o tornaram conhecido (Manhattan, 1979), como em filmes que ele oscila para algo diferente do normal em sua filmografia (Crimes e Pecados, 1989). Porém, o documentário não esconde o fato que os anos 90 não foram os melhores para o cineasta, principalmente na época das filmagens de Maridos e Esposas (1992), do qual seria o seu último trabalho ao lado de sua ex-esposa Mia Farrow. A História todo mundo conhece: Farrow tinha uma filha adotiva chamada Soon Yi, mas que Allen acabou tendo uma relação amorosa (resultando em casamento que dura até hoje), causando um dos maiores escândalos na época e que quase enterrou a carreira do cineasta. Talvez em respeito ao diretor, Weide optou em não se aprofundar nessa passagem da história, mas sim somente na quebra do período entre ele e Farrow, na qual a última cena dela com o diretor em Maridos e Esposas sintetizam bem isso. Após isso, o documentário se encaminha para os anos de reestruturação que o cineasta trabalhou para continuar na ativa e o resultado foi pelo menos um filme por ano, dos quais Allen deixava os cenários dos EUA e explorava outras partes do mundo. O resultado disso foi o surgimento de produções, uma melhor do que a outra, como Meia Noite em Paris, que acabou se tornando o maior sucesso da carreira do cineasta.
Com trinta e seis filmes no currículo e mais três a caminho, o futuro de Wood Allen ainda é incerto. Porém, uma certeza que nós temos, e que ele mesmo nos dá durante o documentário, é do fato dele mesmo admitir que ele ainda não filmou o seu filme definitivo. Seria esse o fato dele continuar lançado pelo menos um filme por ano? Se for esse o caso, que torçamos para que ele não ache a sua nona sinfonia e que nos brinde sempre com um filme por ano, da onde conseguimos enxergar a paixão que ele sente pelo cinema.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário