sábado, 9 de abril de 2016

Crítica: Para a Minha Amada Morta, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O cineasta Aly Muritiba já demonstrava bastante talento através dos seus curtas-metragens como ‘A Fábrica’ e o inquietante ‘Tarântula’. Em sua primeira experiência em longa-metragem, Para Minha Amada Morta, traz os mesmos apuros estéticos, visual cru, com a segurança precisa das quais ele filma, sejam nos momentos do qual foca ao máximo as expressões dos personagens, como também os detalhes dos cenários em volta.

Com uma história bem intimidadora, porém fácil do cinéfilo se identificar, a trama enlaça elementos do mais puro drama com suspense, dando tempo para quem assiste conhecer e se aprofundar sobre cada personagem que, para o bem ou para o mal, são tão humanos quanto qualquer um de nós. A trama tem início com o fotógrafo (Fernando Alves Pinto, espetacular) que trabalha para a polícia e que está de luto junto com o filho pelo falecimento de sua esposa. Curiosamente, em nenhum momento sabemos quais foram os reais motivos de sua morte e fazendo com que a gente tire inúmeras interpretações sobre o que realmente aconteceu com ela, assim como também não sabermos ao certo como estava à relação do casal nos últimos anos. Em contrapartida, mas somente em parte, sabemos o que ela fazia nas últimas semanas de sua vida: através de fitas de VHS que o protagonista encontra, se descobre que ela tinha um amante e gravava todos os seus momentos íntimos.

De uma hora pra outra, ele se coloca numa investigação furiosa, da qual ele se distancia, tanto do seu trabalho, como também do seu próprio filho. Isso resulta na mudança dele para perto de uma família religiosa humilde e conservadora. Essa aproximação é inquietante desde o início, pois talvez o protagonista veja neles o desejo em adquirir a família perfeita da qual lhe foi arrancada. É claro que a todo o momento ficamos perguntando se ele enlouqueceu e com isso nos provocando uma angustia interior, pois ficamos sempre na expectativa sobre qual será o seu próximo passo na investida contra essa família.

Aly Muritiba desenha para nós um clima de suspense, a câmera jamais aponta para nenhuma direção sem algum significado, sendo assim o filme não caí em nenhum clichê do gênero policial, em vez disso, ele criou um drama policial caprichado. Para Minha Amada Morta já no principio dispensa comparações, pois sua direção é refinada, casada muito bem com o roteiro e tendo como trunfo uma bela fotografia criada por Pablo Baião. Para Minha Amada Morta não nos apresenta somente reflexo sobre as relações humanas contemporâneas, mas também uma análise sobre até onde podemos ser tolerantes, tanto com o próximo, como também com nós mesmos. Desde já um dos grandes filmes nacionais do ano.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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