sábado, 4 de junho de 2016
Crítica: DEMON, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Alguns filmes ficam marcados por tragédias durante ou após a produção. Um dos casos mais conhecidos, por exemplo, foi quando Brandon Lee morreu acidentalmente nas filmagens de O Corvo, filme que o consagraria. No caso de Demon a tragédia foi ainda mais explicita, pois o cineasta polonês Marcin Wrona estreara seu filme no Festival de Toronto de 2015 e estava no Gdynia Film Festival, onde se preparava para a première polonesa de sua obra, quando cometeu o suicídio por enforcamento.
Wrona tinha apenas 42 anos e já era considerado um dos melhores representantes da nova geração do cinema polonês. Seu filme anterior, O Batismo (2010) possuía uma história de máfia com estilo autoral, com um suspense psicológico e violência. Em Demon, ele se aproxima do terror, e devido a sua precoce morte, o filme possui uma aura sombria, mais parecendo uma carta de despedida, onde se explora a lenda do Dybbuk, a crença judaica no espírito que se apossa do corpo dos vivos.
No filme, os noivos Piotr (Itay Tiran) e Zaneta (Agnieszka zulewska) recebem de presente de casamento uma casa antiga da família dela, sendo que a casa exige algumas melhorias. Durante uma escavação do solo no terreno do jardim, o noivo descobre ossos humanos, após tal fato, estranhas manifestações começam a perturbar Piotr, que tem visões de uma mulher com roupas antigas. O noivo estando possuído começa a transformar a festa de casamento em inúmeras situações inesperadas, onde o cineasta consegue a proeza de unir momentos de humor e suspense na medida certa.
A trilha sonora de Krzysztof Penderecki - sendo ninguém menos do que o responsável pelas trilhas dos clássicos O Exorcista (1973) e O Iluminado (1980) -, mais a bela fotografia em tons pastel criam então uma belíssima união, onde o principal foco é o doloroso passado dos judeus poloneses. Quem for assistir ao filme esperando o terror sanguinolento, não se assuste, pois o próprio cineasta já havia deixado claro em outras ocasiões que suas intenções para esse filme não era para as pessoas pularem das cadeiras, mesmo que alguns momentos chaves da trama possuam situações que possam gerar tais feitos.
O filme é uma declaração de amor para um passado que não volta mais, e que cada vez é mais esquecido, unicamente pelo fato das novas gerações destruírem gradualmente o seu rico passado. Essa Crítica justa que o cineasta faz, fez lembrar-me o filme russo Leviatã, de Andrey Zvyagintsev, cuja sua proposta coincide com esse filme e até mesmo os minutos finais de ambos os filmes possuem algo de muito semelhante. O final pessimista da obra deixa mais perguntas do que respostas e fazendo com que a gente se pergunte até mesmo sobre a real origem, sobre aquela imprevisível festa de casamento.
Demon é um exemplo de filme de terror de qualidade, do qual não é preciso haver litros de sangue para ser bom, mas sim possuir uma ótima proposta nas entrelinhas e sair da sessão com debate na língua.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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