sábado, 4 de junho de 2016
Crítica: PONTO ZERO, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
A adolescência é uma situação dúbia em nossa vida, pois o adolescente em si segue em linha reta, ou se perde na curva da vida. Isso se deve pelo fato de que, querendo ou não, é preciso ter uma mão de apoio para fazer com que o adolescente siga o caminho certo. No prólogo de Ponto Zero há uma comparação desse fato com os astronautas do espaço, que precisam um do outro para cumprir determinadas missões nos confins do universo.
Em sua estreia em longa-metragem, o cineasta José Pedro Goulart cria um retrato sobre adolescência contemporânea, através do olhar do jovem protagonista Ênio (Sandro Aliprandini): ridicularizado por seus colegas de escola. Ênio é um garoto quieto, que vai descobrindo o que chega junto com a adolescência, mas ao mesmo tempo tendo que encarar os atritos de seus pais, vividos pelos atores Eucir de Souza (O Gorila) e Patrícia Selonk. Nesse cenário em que sua realidade se vê em estado de mudanças, o mundo a sua volta, por vezes, não faz nenhum sentido.
José Pedro Goulart cria como ninguém uma cidade de Porto Alegre familiar, mas com um olhar particular, do qual se extrai uma visão jamais vista. Por vezes, Ênio e nós enxergamos o ambiente da cidade distorcido, fora do lugar e um sinal de até mesmo retrocesso do mundo em que vivemos: a cena em que vemos pessoas e carros andando para trás sintetiza muito bem isso. Esse clima cria uma sensação de verdadeiro contraste quando é comparado com as lembranças do protagonista, sendo elas uma época mais dourada, mas já sinalizando pelos tempos difíceis que viria.
Embora atuando pela primeira vez num longa-metragem, Sandro Aliprandini se sai muito bem como protagonista da trama, pois ele acaba nos transmitindo, mesmo que sem palavras, todo um conflito interno sobre não saber o que fazer nesse mundo caótico dentro e fora de sua casa. Tudo isso moldurado numa Porto Alegre afetada por uma chuva torrencial e incessante, não deve nada a uma Los Angeles úmida e perigosa como foi vista no clássico Seven de David Fincher. Porém, o cinéfilo irá reparar que há elementos que lembram até mesmo a filmografia do cineasta David Lynch (Mulholland Drive), pois nesse labirinto desconcertante que o personagem passa, surgem personagens dos quais desafiam a sua própria sanidade.
Com um epílogo que se casa muito bem com o prólogo do início do filme, Ponto Zero, é um pequeno, mas grande filme do qual fala sobre pessoas x realidade e as consequências sobre falta do interesse delas, em ajudar e ouvir o próximo, ou até mesmo o ente querido.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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