domingo, 4 de setembro de 2016
Crítica: A MORTE DE J.P. CUENCA, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
O subgênero ficção/documentário tem ganhado força no cinema nacional, onde criatividade e realismo se unem para se criar algo genuinamente tentador. Filmes como Castanha e Branco Sai, Preto Fica são exemplos onde à ficção é apenas o estopim, mas o realismo e a naturalidade de seus protagonistas é o que moldam as obras como um todo. A Morte de J.P Cuenca é o mais novo exemplo dessa leva, onde um simples caso de policia gera inúmeras interpretações e criando uma ficção onde tudo pode acontecer. Dirigido pelo estreante João Paulo Cuenca, acompanhamos a história dele mesmo, onde ele procura pistas de uma pessoa que morreu, mas que utilizava documentação e o próprio nome de João Paulo Cuenca. Durante a sua cruzada, acontecem às reformas das quais o RJ passou a partir de 2008, como se as pistas ficassem em meio ao entulho e escondesse a verdade. A verdade, aliás, talvez nunca seja algo realmente esclarecedor para o protagonista.
Escritor na época, João Paulo Cuenca decidiu escrever um livro sobre o caso que até hoje não encontra uma solução. Como cineasta percebemos que ele possui uma mão até firme na direção, principalmente em momentos aos quais exigem que a trama faça nos convencer a querer embarcar nessa curiosa situação da qual ele se envolveu. O primeiro ato é movido por um humor negro e ácido, onde o protagonista ri da própria situação a qual se encontra. Com um elenco em parte formado por não atores, a investigação se torna uma espécie de documentário, principalmente no segundo ato, onde o protagonista entrevista figuras das quais tinha certa ligação com o homem morto. É um dos melhores momentos da obra, pois nas entrevistas as pessoas se apresentam na frente da câmera de uma forma natural e chegando a ser tão carismáticos quanto aquele que surge na frente da tela interpretando. Entre as poucas pessoas que surgem na tela e que está realmente interpretando um personagem, destaque para o vivido pela atriz Ana Claudia Cavalcanti, cuja sua entrada na trama faz com que o filme se envereda para momentos sombrios e de pouca explicação sobre o que acontece em cena.
O ato final é movido pelo personagem de Ana, onde há poucas palavras, mas muita atuação em cena. João Paulo Cuenca acaba então absorvido nesse mundo estranho, do qual faz com que ele se torne objeto das intenções pessoais e inconclusivas da personagem feminina: a cena de sexo entre ambos com certeza gera um contraste se comparado ao lado mais bem humorado apresentado no início da trama.
Com um final que gera mais duvidas do que respostas, A Morte de J.P Cuenca é um filme sobre começos e fins, sobre a perda da identidade e na tentativa de buscá-la em meio a um mundo cheio de mudanças desenfreadas das quais a sociedade como um todo ainda não percebeu.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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