domingo, 6 de novembro de 2016

Crítica: Canção da Volta, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


A realidade pode se tornar cruel no decorrer do tempo, fazendo com que passemos por adversidades das quais testam os nossos limites físicos e mentais. O terror psicológico de filmes como o clássico ‘Repulsa ao Sexo’ e do também clássico, porém recente, ‘Cisne Negro’ são filmes que representam essa minha teoria que vai de encontro com o filme ‘Canção da Volta’, claro que guardando as devidas proporções.

Dirigido pelo estreante Gustavo Rosa de Moura, acompanhamos o passado e o presente da vida de Julia (Marina Person) e Eduardo (João Miguel) que, aparentam ser um casal perfeito ao lado dos seus filhos, mas que possuem cicatrizes físicas e mentais muito piores do que se imaginam. Em certa ocasião, Julia comete uma tentativa de suicídio, levando a família por inteira para um caminho sem volta e revelando então uma nova faceta de cada um deles até então desconhecida. Inspirado na típica família contemporânea, o filme destrincha o dia a dia de cada um desses seres, dos quais se veem consumidos pelo aceleramento da rotina, ao ponto de esquecerem-se do que é mais importante. Bem sucedidos, o casal central procura uma forma para se sentirem vivos, mas não pensando nas consequências. Uma vez que Julia comete tal ato do suicídio, Eduardo se apresenta aos poucos como uma pessoa paranoica, tentando compreender o porquê, de ela ter tentado tirar a própria vida.

No decorrer do filme, testemunhamos alguns momentos que levantam mais perguntas do que respostas fazendo com que nós criemos as nossas próprias teorias: a cena em que Eduardo enxerga (ou sonha) com as saídas da casa todas coberto por terra, talvez venha a ser a representação sobre o que ele pensa com relação a Julia, dela sempre usar uma camada protetora, se isolando dentro do seu próprio mundo e jamais explicando com exatidão as suas ações.

Se João Miguel (Estômago) nos brinda novamente com uma ótima atuação, a surpresa fica por conta da própria presença de Marina Person na área de atuação como protagonista, conhecida popularmente como Vj da MTV Brasil na década de 90, Marina foi abraçando inúmeras áreas culturais, até chegar ao ponto de recentemente dirigir o seu primeiro longa-metragem intitulado Califórnia. Já aqui, Marina não se intimida na frente da câmera, ao ponto dela se transformar por completo, criando para a sua personagem um ser que anseia por adquirir asas e tentar se encontrar na vida após um passo em falso. Tanto Person como Miguel se entregam por completo, em momentos de pura tensão e que testam à química, de um pelo outro em momentos distintos: a cena de sexo entre o casal surge inesperadamente e passando um momento de prazer, mas ao mesmo tempo uma confusão interna na qual passa os seus respectivos personagens.

Embora com um tempo curto para apresentar uma trama cheia de camadas, Canção da Volta é um pequeno estudo sobre o comportamento e estado de espírito do indivíduo atual, do qual se encontra cada vez mais ansiando pela sua individualidade, mas que no fundo não deseja estar sozinho no final do percurso.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário