sábado, 11 de fevereiro de 2017

Crítica: Manchester à Beira-Mar, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Embora seja um dos gêneros mais conhecidos do cinema, os realizadores de drama sempre tiveram a árdua tarefa de nunca fazer com que a trama caísse na pieguice, pois querendo ou não, o público não perdoa. Porém, quando a trama é bem conduzida e estrelada por um elenco que se empenha ao máximo, esses fatores fazem com que o público fique até o final da sessão, e ‘Manchester à Beira-Mar’ tem tudo isso e mais um pouco, mesmo sendo uma simples história.

A trama se concentra em Chandler (Casey Affleck), um zelador de um condomínio que sofre nas mãos de inquilinos exploradores. Certo dia recebe uma ligação avisando que seu irmão (Kyle Chandler) faleceu, há poucos dias. Além de retornar a cidade aonde cresceu, Chandler terá que enfrentar, não somente a perda do irmão, como também enfrentar o seu dolorido passado e encarar o fato de que seu irmão o deixou com a responsabilidade de cuidar do seu sobrinho Patrick (Lucas Hedges).

Dirigido pelo cineasta Kenneth Lonergan (Conte Comigo), o filme já começa de forma sublime, onde vemos o dia a dia do protagonista como zelador, tendo que aturar o preconceito e a intolerância daqueles que se acham superiores a ele. Contudo, Chandler demonstra ter personalidade distinta perante as outras pessoas, cujo seu gênio forte, por vezes, pode acabar fazendo com que saia da linha. Portanto já no início, Casey Affleck explode na tela, cujo com seu talento consegue construir um personagem cheio de camadas e das quais vamos conhecendo no decorrer do filme.

Quando o protagonista vai para sua cidade natal, após receber a notícia da morte do seu irmão, o filme vem e volta no tempo sem prévio de aviso e fazendo com que prestamos mais atenção para não nos perdemos. As imagens do passado, portanto, seriam vindas da mente do protagonista que, sempre quando dá de encontro com algo que ele não consegue administrar num primeiro momento, acaba tentando fugir para dentro de suas memórias até então esquecidas. Contudo, o próprio passado não trás boas lembranças, mas sim serve para conhecermos o quadro geral dessa família e fazendo a gente compreender melhor as inúmeras pontas soltas que haviam sido apresentadas no principio da trama. Conhecendo então o passado e o presente do protagonista, a trama se concentra na construção paternal entre Chandler e seu sobrinho Patrick que, não enfrenta somente a perda do pai, como também as mudanças do tempo que a vida adolescente trás para ele. Para minha surpresa, o jovem ator Lucas Hedges demonstra ser um verdadeiro achado no filme, pois ele consegue fazer do seu personagem Patrick não um jovem alienado, mas sim apenas inocente perante uma realidade mordaz. A relação entre os dois acaba se tornando a força motriz do filme.

Randi a ex esposa de Chandler, interpretada de forma extraordinária por Michele Willians que, mesmo em pouco tempo em cena, protagoniza um dos momentos mais impactantes do filme quando a sua personagem reencontra Chandler na rua. Após a cena, os personagens se encontram em frangalhos e não sabendo de qual forma seguir em frente. O filme por si só, toca em assuntos espinhosos, que vai desde grandes responsabilidades, erros humanos e tentar, não somente perdoar o próximo, mas também saber perdoar a si próprio devido aos erros do passado.

Com um final que deixa em aberto o futuro de cada um dos seus personagens, Manchester à Beira-Mar é um filme no qual a gente se identifica facilmente, pois ele soa humano, realístico e esperançoso mesmo perante aos obstáculos da vida.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário