segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Crítica: O APARTAMENTO, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O bate e boca em torno de O Apartamento tem um nome e esse nome Asghar Farhadi. O diretor iraniano é perito em criar tramas que conquistam o mais cético cinéfilo e exemplos é o que não faltam em sua filmografia, que vai desde a À Procura de Elly (2009) e A Separação (2011), sendo que esse último saiu premiado no Oscar de filme estrangeiro. E, assim como nos seus filmes anteriores, em O Apartamento acompanhamos um debate moral com várias metáforas com relação à própria sociedade iraniana.

Ernad (Shahab Hosseini) é um professor dedicado, mas que também mantém um grupo de teatro junto com a sua esposa, Rana (Taraneh Alidoosti). O casal trabalha numa montagem de A Morte do Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, mas se veem obrigados a se mudarem de apartamento, após a ameaça de desmoronar, graças aos avanços hipócritas do progresso. Os primeiros minutos são angustiantes, onde Farhadi cria uma tensão e fazendo a gente temer pela morte dos personagens. Curiosamente, esse ponto da trama acaba ficando meio que de lado, sendo que o cenário em si retorna para o ápice da trama. Fico curioso em imaginar como seria um filme de Farhadi no qual ele explorasse o avanço do progresso e extinguindo determinados patrimônios de grande ou menor porte da história. Com exemplos de filmes recentes como Aquarius, Leviathan e Demon, O Apartamento poderia ter sido mais um filme dessa leva que toca nesse assunto do qual se passa batido pela sociedade.

Voltando a trama principal, a nova casa do casal tinha uma inquilina que, de forma nebulosa, saiu às pressas, deixando várias coisas suas por lá. Num dia como qualquer outro, Rana deixa a porta aberta e é atacada violentamente durante o banho por alguém misterioso. O criminoso foge tão depressa que esquece o carro e alguns outros pertences. Ernad então embarca numa investigação pessoal, para tentar descobrir a identidade do sujeito enquanto Rana se nega a denunciar o caso à polícia.

Talvez um dos ápices da visão autoral e cinematográfica de Asghar Farhadi é a da maneira na qual ele cria situações que nos levam a uma reflexão, que nos deixam destruídos por dentro. O mais surpreendente é que tudo é feito de forma simplista, sem apelar por situações que poderia gerar momentos inverossímeis, mas retratando a cruzada dos protagonistas de uma forma na qual poderia acontecer com a gente, independente da cultura e do costume de cada um. Claro que ficamos nos perguntando o que nós faríamos numa situação parecida, mas ao mesmo tempo, pensamos como agiriam os que se dizem “cidadãos do bem”, que sempre desejam fazer um julgamento com as próprias mãos, sem análise de determinadas situações. O Apartamento traz o melhor do cinema iraniano, que infelizmente, o atual governo norte americano tenta restringir, porém que bom para nós cinéfilos, que até o momento essa restrição não obteve êxitos.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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