sábado, 18 de fevereiro de 2017

Crítica: REDEMOINHO, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Desejo e raiva reprimidos podem andar juntos, principalmente quando determinados assuntos ficam pendentes durante anos. Por mais que domamos os nossos demônios interiores, por vezes, há de nós termos que enfrentar os nossos próprios erros do passado. O filme brasileiro ‘Redemoinho’ trata desse assunto e muito mais, principalmente pelo fato de conseguir o feito de fazer com que nos identifiquemos facilmente com a trama.

Depois de anos trabalhando na TV, em obras como a minissérie Justiça, José Luiz Villamarim finalmente decide embarcar na direção de um filme para o cinema, no qual o resultado é um filme autoral e que merece todo respeito. A trama se passa numa cidadezinha simples de Minas Gerais, onde vemos o trabalhador de tecelagem Luzimar (Irandhir Santos, ótimo como sempre) se reencontrar com o velho amigo Gildo (Júlio Andrade), que está de passagem pela cidade e ambos decidem passar juntos, o resto da tarde. No decorrer de uma conversa e outra, ambos começam a relembrar do passado e tocando em assuntos espinhosos, há muito tempo não discutidos. Embora a premissa possa parecer simples num primeiro momento, o cinema de José Luiz Villamarim faz toda a diferença, já que a câmera se torna uma terceira pessoa, que acompanha a dupla em sua encruzilhada pela cidade. Mais do que planos sequências que surgem a todo o momento, como quando ambos visitam um campinho de futebol, a câmera do cineasta faz com que nos tornemos o observador que fica na defensiva, como se quiséssemos apenas observar, mas sem se intrometer com os eventos que virão a seguir. É algo similar com que já vimos em filmes como o húngaro ‘O Filho de Saul’ que, embora em proporções menores, o resultado é similar e eficaz.

Uma vez a gente se tornando a terceira pessoa (observador) da trama, ficamos sem reação perante as ações imprevisíveis, tanto da dupla central, como também de figuras que moldam aquela pequena cidade. Basicamente o filme oscila entre o drama, suspense e fazendo com os seus personagens tenham as suas redenções, mesmo quando elas não aparentem uma conclusão. Numa realidade onde opressão e o medo da verdade assombram os seus habitantes, o filme não prega para que a gente julgue esses personagens, pois eles mesmos já se julgam internamente, devido as suas escolhas, por vezes, impensadas.

Embora com momentos finais que dão certo alivio para aqueles que assistem, Redemoinho é um verdadeiro soco no estômago, por saber criar um reflexo de nossa sociedade, por vezes, oprimida e cada vez mais perdida em seu dia a dia.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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