sexta-feira, 25 de abril de 2014
Crítica: "Alabama Monroe", através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Num ano em que Azul é a cor mais quente foi excluído (injustamente) do Oscar, na categoria de melhor filme estrangeiro, até que fiquei satisfeito com a Grande Beleza ter saído como vencedor. Mas ao ver Alabama Monroe, percebo que ainda vai levar um bom tempo para os membros da academia pararem de errar. Disparado o filme entra facilmente entre os melhores do ano em cartaz em nosso país.
O longa é baseado em uma peça de teatro, escrita por Johan Heldenbergh e Mieke Dobbels. O cineasta Felix Van Groeningen assistiu ao espetáculo e pediu autorização dos autores para fazer o filme após ficar enfeitiçado pela trama do casal central. A adaptação para a telona foi escrita pelo próprio cineasta em parceria com o roteirista Carl Joos.
Johan Heldenbergh pulou dos palcos para a tela de cinema também como ator, interpretando Didier que faz par amoroso com Veerle Baetens (Elise Vandevelde), dona de um estúdio de tatuagem e sendo que ela própria tem inúmeras tatuagens em seu corpo. Ele, líder de uma banda de bluegrass (um estilo de country), entra no estúdio de tatuagem de Elise e depois fala para ela que uma banda tocará e que ele estará por lá. Uma oportunidade para ela surgir e se surpreender ao perceber que ele é o vocalista. Daí, o relacionamento começa, culminando com uma filha e ela mesma fazendo parte da banda no final das contas. O relacionamento digno de contos de fada contemporâneo só é desestruturado quando a filha Maybelle (Nell Cattrysse) é diagnosticada com câncer. As diferenças do casal são então ressaltadas pelo arraso emocional, com direito a brigas e sobre a diferença de pensamentos com relação à religião e crenças.
Mais do que um filme sobre superação com relação a perdas de entes queridos, o filme atinge de uma forma arrasadora temas como o “não avanço” sobre pesquisas sobre células tronco x religião que se diz a voz do mundo, mas que por vezes somente atrasa a tentativa de salvar as vidas em risco.
O drama com sinais de que tudo vai acabar (aparentemente) bem, pode remeter a Romeu e Julieta com um final dramático. O enredo é contado com viagens no passado e no tempo real e a trilha sonora merece destaque (tanto que alcançou o primeiro lugar nas paradas do país de origem). Composta por Bjorn Eriksson, e interpretada pelos atores Veerle Vaetens e Johan Heldenbergh, também chama atenção no filme. A trilha já alcançou o número 1 em vendas na Bélgica.
Fora a indicação ao Oscar, eles já levaram o Prêmio FIPRESCI de Melhor Filme Estrangeiro no Palm Springs International Film Festival. Alabama Monroe ainda foi premiado no Festival de Berlim (prêmio do público de Melhor filme de Ficção e o Label Europa Cinemas), recebeu dois prêmios no Festival de Tribecca (melhor atriz e melhor roteiro), levou 9 prêmios Ensor na grande premiação belga, o Ostend Film Festival, e também concorre ao prêmio de audiência no European Film Awards 2013.
Um belo filme com inúmeras camadas de leituras, sendo que pode ser muito bem visto, tanto para aqueles que seguem uma crença mesmo que cegamente, como também para aqueles que se dizem ateus, mas que no fundo não negam de que há algo no ar lá fora.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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