domingo, 15 de fevereiro de 2015
Crítica: Selma - Uma Luta pela Igualdade, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
No sentido biográfico, Selma apresenta o modelo clássico de biografias que o cinema americano gosta de vender, tanto no roteiro redondinho e bem apresentado quanto na maneira de filmar próxima ao protagonista e nos grandes planos em gruas para cenas de multidões. O que o destaca entre as biografias que tem chegado nesta temporada cinéfila (vide O Jogo da Imitação) é a maneira de abordar Martin Luther King, Jr. e o período escolhido para contar a história.
“Selma” retrata Martin Luther King Jr. com as mesmas características humanas de humor, frustração e exaustão que “Lincoln” conferiu a seu Presidente, mas sem perder seu lado político, do militante movido pela razão. Esta humanidade identificável eleva as ações de King e seus esforços. O ator David Oyelowo ajuda nessas características, evitando idealizar o personagem apenas com uma atuação previsível, deixando-o contido, mas ao mesmo tempo conseguindo transmitir seus ideais através do silêncio e do seu olhar.
A época escolhida onde se passa a história também merece atenção na biografia. Ao invés de simplesmente explorar momentos conhecidos como sua morte, ou usar o discurso “I Have a Dream”, a diretora Ava DuVernay escolheu um momento importante, mas dentro da proposta do sentido político: a marcha de Selma a Montgomery, no Alabama, pelo direito do voto aos cidadãos negros, episódio de inúmeros conflitos políticos entre o presidente e os governadores e dentro da própria militância negra pelo uso ou não da violência.
Tecnicamente, o filme tem mais alguns destaques. A fotografia é perfeita, com uma luz muito bem elaborada tanto em cenas escuras quanto em momentos à luz do dia (enfrentamento na ponte). Filmado no local em que os eventos realmente aconteceram, o filme é perfeitamente encenado, ainda que os acontecimentos tenham sido mais chocantes do que os retratados na tela. Os efeitos sonoros são bem explorados nas cenas finais, desacelerando o ritmo ou retirando o diálogo e o som ambiente nos momentos necessários. Particularmente achei que a diretora DuVernay se superou nos detalhes do filme, sua direção é precisa.
Um filme que vale ver não só para conhecer uma parte da história de Luther King, Jr, mas também para ver uma produção muito bem feita e que mereceu ganhar uma vaga no Oscar na última hora.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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