sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Crítica: ANOMALISA, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Para começo de conversa Anomalisa não é uma animação infantil e vale muito à pena avisar os pais desinformados para não serem pegos de surpresa. Charlie Kaufman, roteirista de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Adaptação e Quero Ser John Malkovich, divide a direção deste filme com Duke Johnson, mas, como sempre, assina o roteiro sozinho. Rodado em stop-motion, o longa nos apresenta Michael Stone, um homem cansado da vida que carrega.

No decorrer da trama, conhecemos um pouco mais do protagonista e logo identificamos diversas questões a serem analisadas, ao começar Michael, que, mesmo casado e com um filho, se mostra uma pessoa vazia e sem foco algum para seguir adiante. Suas emoções refletem na tela, pois o protagonista não consegue ver os rostos das outras pessoas, a não ser o rosto dele mesmo. Isso torna o filme bem reflexivo e lança um questionamento sobre o mundo contemporâneo, onde cada vez mais as pessoas se tornam individualistas e não se preocupam com o próximo.

Com tons enigmáticos na narrativa, Anomalisa aproxima o espectador ao tratar de sentimentos comuns do ser humano em bonecos visualmente parecidos, que, neste caso, possuem a mesma voz. Mas, quando Michael conhece Lisa, as coisas mudam. Com a chegada da personagem, ouvimos uma voz feminina pela primeira vez no filme (até então, todos os personagens, inclusive as mulheres, são dublados pelo mesmo dublador). Esse reencontro causa uma reviravolta na vida do protagonista, levando a história para outros patamares. Porém, as características de Kaufman se mantêm presente a todo o momento. Os conflitos internos de Michael, por exemplo, é exposta à sua crua realidade, e causa certo incômodo, mesmo que tenha sido criada no seu “eu” interior. Anomalisa fala de amor e solidão que são temas cada vez mais debatidos hoje em dia.

Vale destacar a cena de sexo entre os bonecos, com direito até mesmo com nu frontal. Isso faz com que o filme se aproxime da realidade de tal forma, que você simplesmente não deseja que o filme termine tão cedo. Quando a trama acaba, ela continua em nossas mentes e isso já é um grande feito, do qual nos faz querer revisitar a obra e tentar achar até mesmo símbolos escondidos que há no decorrer da trama.

Anomalisa é um filme sobre nós, pois a cada dia que passa, estamos cada vez mais no piloto automático, e sendo assim esquecemos, do que nos faz realmente humanos.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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