sábado, 6 de fevereiro de 2016

Crítica: Creed - Nascido para Lutar, O Filme, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O filme Rocky Balboa (2006) era visto como piada, ao colocar Sylvester Stallone novamente no papel que o consagrou há décadas. Porém, o filme focava sobre o homem fora do seu tempo, sua luta contra o envelhecimento, a busca por um lugar no mundo e por fim abraçar a sua redenção. O sexto filme não veio por apenas trazer um ícone de volta às telas, mas provar que ele ainda não era obsoleto perante o mundo em que vivia e encerrar a franquia com total dignidade. É ai que chegamos então a Creed - Nascido para Lutar, um projeto ainda mais arriscado, pois é uma espécie de spin-off da franquia, o que poderia enfraquecê-la, mas, para a surpresa de todos, aqui as coisas deram certo novamente.

O jovem cineasta Ryan Coogler sabe do vespeiro em que está se metendo, pois a todo o momento do filme, podemos sentir as velhas formulas do que já deram certo na franquia, a serem usadas aqui novamente, porém renovadas e atualizadas para um novo público, mas jamais se esquecendo daqueles que cresceram assistindo aos filmes no cinema e na TV. De forma engenhosa, o filme resgata a imagem de Apollo Creed (Carl Weathers) na pele do seu filho Adonis Creed (Michael B. Jordan), que ele havia tido fora do seu casamento e meses antes da sua morte em Rocky IV. Adotado pela viúva de Apollo (Phylicia Rashad), Creed cresce e se dá bem na vida, mas deseja seguir os passos do seu pai e é aí que procura Rocky (Stallone) para treiná-lo e se tornar um boxeador profissional.

Tendo já o seu protagonista estabelecido na trama, o cineasta Ryan Coogler também nos conquista na sua forma de filmar, já na primeira hora que, mesmo trazendo as velhas formulas de sucesso da franquia, injeta algo de novo em sua forma de como apresentar as cenas. Reparem em uma das primeiras lutas, em que não há cortes, mas sim um plano sequência engenhoso, como se o cineasta estivesse dentro do ringue e se tornando uma terceira pessoa em meio a dois lutadores se digladiando. Ele somente peca quando se envereda para a câmera lenta, algo já meio saturado nesses tipos de filmes. Outra coisa que me incomodou um pouco foi na insistência de inventarem um par para o protagonista, já que a relação dele com a personagem Bianca (Tessa Thompson) soam como dispensável, sendo que, nem mesmo suas motivações, e tendo um problema de saúde auditivo, nos conquista no decorrer do filme. Mas no momento em que Creed entra num conhecido restaurante é quando o filme se adentra ao universo de Rocky e graças a isso esquecemos um pouco desse deslize. É incrível como num diálogo de poucos minutos entre o velho e o novo protagonista, que faz um perfeito resumo sobre os principais eventos dos filmes anteriores.

Coogler também foi sábio na maneira de apresentar Rocky em sua primeira cena, pois a trama se passa dez anos da última vez que o vimos e, surgindo aqui, cada vez mais enterrado ao seu tempo e das suas glórias do passado. Embora relutante num primeiro momento, o personagem aceita em treinar Creed. Se no filme anterior Rocky lutava por uma última chance, para provar o seu valor, aqui ele luta contra a sensação de que, não tem mais nada para se fazer em vida, a não ser esperar a sua própria morte. Treinar então Creed seria uma forma de dar um sopro de vida numa alma jaz cansada e para assim se criar um novo objetivo para se seguir em frente.

O ato final é aquele do qual todos nós conhecemos, o que seria algo até então desastroso, já que o resultado é basicamente o mesmo, até mesmo se comparado ao primeiro filme da franquia. Porém isso é o de menos, já que o maior mérito do roteiro é de criar um elo dessas duas gerações, da qual uma se apoia na outra e fazer com que a raiva ou peso da culpa que existe em seus corações durante anos, logo desapareça. Sendo assim, até mesmo perdoamos, quando soa uma repetitiva velha trilha sonora em nossos ouvidos novamente, pois até aquele momento já estamos mais do que conquistados pelos personagens.

Com um final no qual vemos a velha escadaria do museu da Filadélfia novamente, no qual Rocky subia e vibrava em seus tempos de glória. Creed - Nascido para Lutar, não é meramente um recomeço de uma franquia, como também um filme sobre a relação entre pais e filhos e feito com muito carinho para ser visto pelas novas e velhas gerações.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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