sábado, 27 de fevereiro de 2016
Crítica: A GAROTA DINAMARQUESA, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Subestimei Eddie Redmayne quando eu o vi atuando pela primeira vez em ‘Sete Dias com Marilyn’, pois a sua atuação era opaca perante o talento de Michelle Williams que interpretava um ícone naquele filme. Porém, tive que engolir as minhas próprias palavras quando vi o mesmo jovem ator no filme A Teoria de Tudo e cuja sua interpretação extraordinária lhe garantiu o seu primeiro Oscar na carreira. Tudo é questão de oportunidade para determinados atores mostrarem o seu verdadeiro talento e não me admira que Eddie Redmayne venha a ganhar o seu segundo Oscar consecutivo pelo filme A Garota Dinamarquesa.
Baseado em fatos verídicos, Redmayne interpreta o bem sucedido pintor Finar Mogens que, casado com a também pintora Gerda (Alicia Vikander), ambos possui uma vida corriqueira pelo mundo das artes. Porém, quando Gerda pede para o seu marido posar com um vestido, Finar imediatamente começa a ter prazer em se vestir como mulher. Não demora muito para descobrimos de que se trata de o outro lado do pintor que estava adormecido há muito tempo e que agora desperta.
Talvez a construção dos personagens seja o ponto mais forte do filme como um todo, pois uma vez eles sendo apresentados para nós, imediatamente ficamos encantados pela forma como eles enxergam o mundo que os rodeia. Gerda enxerga a sua realidade como uma forma curiosa, o que lhe faz criar os seus quadros da sua maneira. Já Finar possui uma curiosidade com relação a tudo em volta, não só para encontrar algo para pintar, mas para talvez sentir algo guardado dentro de si.
Uma vez que Finar começa a ter obsessão pelos vestidos de sua esposa, imediatamente percebemos o seu conflito interno, através do seu olhar. Quando o seu outro lado acorda, imediatamente percebemos que há dois seres em um único corpo e uma batalha interna inicia-se. Eddie Redmayn simplesmente dá um show de interpretação, cujo seus gestos e olhares falam por si. Porém, Alicia Vikander se sobressai em muitos momentos, chegando até mesmo ser a verdadeira protagonista da trama. O caso é que a sua Gerda seria uma representação dos nossos olhos perante uma situação inusitada, ao ver a pessoa que ela tanto ama começar a mudar radicalmente e de uma forma aparentemente inexplicável. Contudo, percebemos que Gerda é uma pessoa resolvida perante o mundo ao qual vive e possuindo o amor que sente pelo seu marido, a situação não se torna algo insuportável, mas sim como um desafio, do qual ela deva aceitar pacificamente e para só assim viver até o fim com o seu amor.
Visualmente, o filme possui uma reconstituição de época perfeita, principalmente dirigido por alguém como Tom Hooper, acostumado a fazer filmes de época deslumbrantes, principalmente em obras como Os Miseráveis. Edição de arte, fotografia e, principalmente figurino, não são meros detalhes para trama, como também reflexos das personalidades dos personagens e fazendo com que cenários e protagonistas se tornem um único ser em cena. Aliás, é sempre interessante observamos uma época como essa, ao qual se passa a trama, já que questões como transexualismo eram visto como tabus, ou até mesmo doença.
Sendo um filme que nos envolve emocionalmente, principalmente com relação aos destinos dos personagens, A Garota Dinamarquesa fala sobre a luta para se alcançar certos desejos, mas que para tanto, se faz necessário percorrer uma jornada cheia de obstáculos.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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