sábado, 15 de novembro de 2014

Crítica: INTERESTELAR, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Stanley Kubrick disse uma vez que, se caso houvesse alguém que entendesse o final de 2001: Uma Odisseia no Espaço, ele então se sentiria um fracassado, pois a sua obra ser compreendida não era o seu objetivo. Baseado na obra Arthur C. Clarke, o filme de 1968 ainda hoje desperta interesse e levanta inúmeras teorias, principalmente com relação ao seu enigmático ato final. Fã incondicional da obra, Christopher Nolan, sempre desejou fazer algo parecido no cinema e eis que ele lança seu Interestelar, mas que diferente da obra de Kubrick, aqui há sempre uma preocupação em tentar explicar o que está acontecendo para o cinéfilo que assiste e isso acaba sendo o seu maior calcanhar de Aquiles. Não que isso vá prejudicar o filme como um todo, pois o seu desenvolvimento, imagens, trilha e acima de tudo o lado humano dos personagens é o que faz da obra ser indispensável. Em um futuro não muito distante, o engenheiro espacial Cooper (Matthew McConaughey) trabalha como fazendeiro cultivando milho para alimentar a população mundial. A maioria dos alimentos da Terra já acabou e as plantações que restam são constantemente atacadas por pestes e tempestades de poeira. Ao lado dos filhos e do sogro (vivido pelo ótimo John Lithgow), ele vive simplesmente, mas se incomoda com o fato da humanidade ter se contentado em sobreviver e esquecido seu lado empreendedor.

A primeira parte do filme busca fazer gradualmente uma construção crível com relação aos personagens, para que então o cinéfilo se identifique com eles facilmente e aceitar a mirabolante trama, que é sobre salvar a humanidade O protagonista é chamado para liderar uma missão espacial, que busca explorar novos planetas que podem substituir a Terra. Assim falando pode parecer fácil, mas o filme se adentra há inúmeras teorias de espaço tempo e valorizando e muito as questões levantadas Albert Einstein, que muitos cientistas de hoje o aprovam. Do início ao fim, se percebe como Christopher Nolan tem um vício inabalável sobre querer a qualquer custo dosar inúmeros momentos de verossimilhança na trama e fazer com que gente acredite naquele não muito distante futuro. Bons exemplos estão no primeiro ato, em que, mostra em curtos depoimentos em vídeo, pessoas falando do seu dia a dia difícil. As cenas em que mostram ruas e casas empoeiradas e plantações morrendo devido a uma misteriosa peste dão um ar de apreensão, pois não foge muito da realidade de alguns países de hoje que sofre com as mudanças climáticas. E se por terra a situação é bem realista, pelo espaço a situação não é muito diferente. Assim como o recente Gravidade, Nolan consegue a proeza de jamais exagerar nos efeitos visuais, mas sim faz com que eles se tornem importantes para o desenvolvimento de uma melhor trama. O mesmo se pode dizer da fotografia de Hoyte Van Hoytema, que consegue ser deslumbrante por quase todo filme, assim como também a fantástica montagem, que nos faz ser jogados nas cenas de pura emoção (atenção à sequência quando os protagonistas e a nave estão girando em velocidade máxima).

Mas de todas as partes técnicas que nos causa realmente emoção, é novamente o trabalho do compositor Hans Zimmer: colaborador de quase todos os filmes de Nolan, Zimmer consegue criar uma trilha original, mas que remete aos outros clássicos da ficção científica, como o já citado 2001 e até mesmo Contatos Imediatos de 3º terceiro grau. Sua trilha possui momentos contemplativos e que ao mesmo tempo se casa muito bem com as emoções dos personagens principais, principalmente os momentos protagonizados pelo pai (McConaughey) e sua filha (Mackenzie Foy). Esses dois, aliás, são o coração do filme como um todo, pois realmente eles nos passam a insuportável sensação da separação um do outro para um bem maior. O drama aumenta ainda mais, pelo fato que para Cooper (Matthew McConaughey) e Brand (Anne Hathaway, ótima) vão numa missão espacial, cuja sensação para eles são semanas, mas para aqueles que vivem na terra se passam anos. Sendo assim, sai à pequena Mackenzie Foy e entra em cena Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) que consegue a proeza de nos fazer acreditar que ela sim foi um dia a filha do protagonista.

Tamanha dedicação do elenco principal faz com que até mesmo não nos incomodemos num primeiro momento com o ato final da trama que, deveria ser primoroso, mas que acaba sendo o momento mais delicado da obra de Nolan. Em seus derradeiros minutos finais, Nolan presta uma homenagem explicita á 2001: Uma Odisseia no Espaço, mas como eu disse no texto acima, ele exagera na dose de querer explicar o que está acontecendo em cena e acaba não somente prejudicando o resultado final, como também demonstra uma total falta de fé com relação a nós cinéfilos, em achar que talvez não entendêssemos o que está acontecendo em cena. No decorrer do filme, até que o cineasta pisa no freio de não explicar muito (em A Origem ele explicou demais), porque talvez ele estivesse se guardando para esses minutos que com certeza vão dar o que falar.

Com um elenco estelar que inclui Michael Caine, John Lithgow, Casey Affleck, Wes Bentley e Matt Damon, Interestelar com certeza será lembrado como mais um ótimo filme de Christopher Nolan, mas que está alguns anos luz de distancia para ser um novo 2001: Uma Odisseia no Espaço.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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