sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Crítica: Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Recentemente, o nosso país se viu cercado por um verdadeiro circo criado pela mídia, a serviço de partidos da direita, para então tentar nas últimas eleições eliminar o partido da esquerda que lidera o nosso governo. Eles só não obtiveram o resultado que queriam graças às redes sociais e por pessoas que fizeram questão de estudar meticulosamente cada um dos lados envolvidos nas eleições. Recentemente, Jorge Furtado lançou um documentário intitulado O Mercado de Notícias, que dá uma verdadeira aula sobre o jornalismo atual e até aonde ele pode influenciar o público em geral.
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1, que dá continuidade as adaptações dos livros escritos pela autora Suzanne Collins, nada mais é do que uma bela metáfora sobre o nosso mundo contemporâneo, que é sempre bombardeado por mídias, reality show alienados e que por vezes usam e abusam de assuntos delicados, sendo tudo pela audiência ou por intenções por vezes obscuras. O filme dirigido por Francis Lawrence (Constantine) dá continuidade aos eventos do filme anterior (Esperança) para vermos a protagonista Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) a serviço do distrito 13, para tentar a todo custo derrotar a Capital comandada pelo presidente Snow (Donald Sutherland). Ao mesmo tempo Peeta Mellark (Josh Hutcherson) é usado pelo governo para tentar convencer os rebeldes a não começarem uma rebelião.
Diferente dos demais blockbusters atuais, Esperança: Parte 1 vai contra a maré. São relegadas as cenas de ação para o segundo plano e é construída uma verdadeira trama de jogos políticos de ambos os lados do conflito. Enquanto a Capital usa o terror contra aqueles que forem contra eles, o Distrito 13 usa a protagonista a todo custo como símbolo da resistência, numa verdadeira propaganda contra o sistema.
É aí que Jennifer Lawrence novamente brilha em seu papel, pois ela sabe dosar momentos em que sua personagem exige uma demonstração de total falta de preparo quando se transforma num símbolo de propaganda da resistência, como também num momento dramático, em que ela se encontra no campo de guerra e tenta passar pelos meios de comunicação o horror que a Capital cria contra as minorias. Contudo, é fácil rotularmos a Capital como o verdadeiro símbolo cruel da trama, mas o Distrito 13 não fica muito atrás, pois eles usam a protagonista no seu reality show da resistência de tal forma, que é preciso rir para não chorar na situação em que a protagonista se encontra.
Se nos capítulos anteriores a protagonista se viu obrigada a disputar um reality show mortal para tentar sobreviver, aqui ela se vê sendo usada como uma peça de um grande xadrez para fins políticos do conflito. Embora ela demonstre apoio pela causa, ao mesmo tempo ela se vê por um caminho sem volta. A cena em que a protagonista se encontra brincando com um gato num abrigo subterrâneo, em que ela fica jogando luzes de uma lanterna para que ele fique correndo atrás, sintetiza o exato momento em que ela se dá conta que está numa situação similar a do bichano.
Embora a personagem de Jennifer Lawrence seja a força vital da trama, os outros personagens, com seus respectivos interpretes não ficam muito atrás: Philip Seymour Hoffman cumpre com louvor o seu desempenho, ao interpretar Plutarch Heavensbee e vê-lo atuando só nos faz lamentar ainda mais sua morte precoce que ocorreu neste ano. Julianne Moore surpreende sempre ao surgir em cena e por vezes até mesmo ofuscando a própria protagonista, mas é novamente Woody Harrelson como Haymitch Abernathy que nos brinda com momentos em que o seu humor negro amenizam o drama que assola o ambiente dos personagens.
De drama o filme tem muito, mas nem por isso as cenas de ação (que são poucas) deixam a desejar quando elas surgem. Francis Lawrence prova ser hábil com a câmera que usa, onde as cenas exigem um movimento dinâmico e quando elas acontecem, por um momento não parece ser mais um filme de Jogos Vorazes, mas uma espécie de filme de guerra como A Hora Mais Escura. Atenção para uma cena de resgate na capital as escuras, que se mistura ação, intercalada com momentos de puro suspense. E quando se achava que esse momento de tensão terminaria de uma forma previsível, eis que ele se encerra de uma forma desesperadora e fazendo com que tememos pela vida da protagonista.
Com um final que fica em aberto e abrindo alas para a derradeira ultima parte da franquia, Jogos Vorazes: Esperança - Parte 1 é mais um capitulo da cine-série que serve de exemplo de blockbusters com conteúdo e que nos faz questionar a nossa própria realidade, que está cada vez mais afogada por mídias que manipulam os verdadeiros fatos que acontecem e que beneficiam aqueles que se dizem a serviço do povo.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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