terça-feira, 20 de outubro de 2015

Documentário ‘Domadores de Pedras’ mostra riqueza do basalto na Serra Gaúcha.


Foto: Angela Martins


Inspiração para o trabalho surgiu da realização anual do Simpósio Internacional de Escultores, nos Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves


Casas e taipas construídas pelos imigrantes italianos - muitas restauradas e reconstruídas como verdadeiras obras de arte - são muito comuns na Serra Gaúcha, isso porque há milhares de ano o basalto é a pedra típica da região da Serra Gaúcha. E graças a ela que desde 2012 é realizado anualmente o Simpósio Internacional de Escultores, quando artistas de todo o mundo participam do evento e criam esculturas em basalto e acabam levando o nome de Bento Gonçalves (RS) para o exterior. Essa rica e curiosa história agora é contada no documentário ‘Domadores de Pedras: o eixo entre o denso e o belo’, lançado nesse mês de outubro.

Bento Gonçalves integra a maior manifestação de derramamento vulcânico do Planeta e essa habilidade em pedra, que vem da pré-história, quando o basalto era utilizado como material para fabricar ferramentas e utensílios para a caça, a agricultura, a domesticação, passando pela época da imigração italiana no Rio Grande do Sul, é contada ao longo dos 56 minutos do documentário.

O documentário é uma realização do Instituto Tarcísio Michelon, com a direção de Angela Martins, diretora executiva da entidade, com o financiamento da Secretaria de Estado da Cultura por meio do Pró-Cultura RS e patrocínio das empresas Intral Reatores e Luminárias e Zen Design.

De acordo com Angela Martins a história do basalto e suas interferências históricas, culturais e sociais não podem ser esquecidas, mas exaltadas. “Poucos sabem da importância dessa pedra para a Serra Gaúcha, por isso buscamos desenvolver esse documentário como forma de valorizar ainda mais esse material e mostrar a relevância que teve no passado, presente e futuro”, comenta.

Arqueólogos, escultores, geólogos, taiperos - profissionais que erguiam muros com pedras encaixadas-, arquitetos e urbanistas, historiadores, filósofos, turismólogos e enólogos são os narradores do documentário e relatam desde a estreita ligação entre pedra e civilização humana, das imponentes erupções de lava que, muito antes do ser humano estrear na natureza, plasmaram o planeta e permanecem em forma de basalto duríssimo por milhões de anos até a paixão pelo esculpir a pedra. Entre os depoimentos do documentário é possível encontrar o relato apaixonado do escultor João BezBatti, a maior referência nacional em basalto e com expressiva representatividade internacional. O escultor, natural de Venâncio Aires, revela toda sua gratidão a Bento Gonçalves, cidade que escolheu para morar, por ter encontrado na cidade o basalto e seu sentido para viver. “Minha vida deu certo porque vim para Bento Gonçalves e encontrei o basalto. Para mim o basalto é a pedra mais linda que existe no Planeta”, declara-se.

Para Tarcísio Michelon, presidente do Instituto Tarcísio Michelon, resgatar de um fato, ou seja, da farta riqueza basáltica, outros ricos momentos que fazem parte da história da região e ainda é muito presente é incrível. “O documentário comprova o quão rica é nossa história e como o basalto está muito presente na nossa vida, desde quando vamos a um restaurante construído em pedra até a visita a uma galeria de arte em que há obras em basalto”, enfatiza.


O Instituto Tarcísio Michelon

O Instituto Tarcísio Michelon (ITM) é uma associação sem fins lucrativos que desenvolve atividades socioculturais direcionadas a crianças e jovens de bairros em vulnerabilidade social de Bento Gonçalves desde abril de 2008.

Atualmente, os projetos são desenvolvidos por meio da Escola de Música do ITM em que 170 crianças recebem aulas de teoria musical, musicalização, prática de conjunto e canto coral. Do trabalho desenvolvido há sete anos resultou a Orquestra Filarmônica e Coro Jovem do ITM que integra 50 crianças na orquestra e 35 no coro e realizam apresentações na cidade. Outro projeto do ITM, o Per Sempre Tche, trata-se de um espetáculo cênico musical com direção de Sigrid Nora e roteiro de José Clemente Pozenato, além da participação de um corpo de baile com coreografia de Jair Moraes, coreógrafo do Centro Cultural Teatro Guaíra de Curitiba, Orquestra e Coro do ITM e participação especial de Borghetinho. Esse projeto em específico é financiado pela Secretaria de Estado da Cultura por meio do Pró-Cultura RS e conta com o patrocínio das empresas Intral Reatores e Luminárias, Kidelizz Confeitaria e Móveis Cenci.

Nascido no Dall’Onder Grande Hotel, o Instituto Tarcísio Michelon também foi o grande incentivador para a realização do Simpósio Internacional de Esculturas do Mercosul. Em 2012 a parceria entre o Instituto, o Museu de Arte Contemporâneo a Cielo Abierto da Cidade de Roldan, Argentina (MaCCA) e a Associação Caminhos de Pedra permitiu a realização de sua primeira edição em duas etapas. A primeira, de 29 de setembro a 7 de outubro, quando 10 escultores de todo o mundo se reuniram em Roldan e realizaram 10 obras, sob a coordenação da família Sacco, organizadora do evento e a segunda, de 13 a 27 de outubro, o mesmo grupo esteve em Bento Gonçalves e deixou mais 10 obras na cidade.

A partir de 2013, um novo formato conectou o Simpósio de Bento Gonçalves à rede mundial da arte contemporânea com o intuito de contribuir para o desenvolvimento cultural da cidade e integrar artistas de 10 países, por meio da realização e produção do ITM com financiamento público via renúncia fiscal. O evento reúne anualmente um grupo de 10 escultores de importância mundial para realizarem 10 obras em pedra basáltica local, destinadas a enriquecer o patrimônio artístico de Bento Gonçalves. O evento, realizado na Funda parque, é aberto à visitação de artistas, estudantes de artes, escolas e do público em geral que podem acompanhar de perto as fases de criação das obras, conhecer as experiências artísticas dos escultores durante debates públicos, interagir em uma fértil troca de visão da arte, de técnicas, de vivências. As 32 esculturas resultantes dos três simpósios já realizados estão expostas nos Caminhos de Pedra, em uma área que está em fase de estruturação para ser a sede do Parque de Esculturas a Céu Aberto e, em breve, será aberto ao público para visitação.


Fonte: Agência Conceito.Com, através de Rosângela.

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