sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Anna Muylaert quer promover debate com filme "Que Horas Ela Volta?"
Neli Pereira e Anna Muylaert no estúdio da BandNews FM – Foto (Autor): André Rizzatto/BandNews FM
Diretora participou do programa “Alta Frequência”, da BandNews FM, ontem quinta-feira, dia 10
A cineasta Anna Muylaert participou da edição de ontem (quinta-feira, dia 10), do programa “Alta Frequência”, da BandNews FM. O filme “Que Horas Ela Volta?”, dirigido por ela e estrelado por Regina Casé, foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria de melhor filme em língua estrangeira no Oscar 2016. O anúncio foi feito ontem (quinta-feira, dia 10), pelo Ministério da Cultura após reunião da Comissão Especial de Seleção.
"Esse projeto tem 27 anos. A primeira versão dele trazia apenas a visão da empregada. Até seis meses antes, a Jéssica não vinha estudar na faculdade, mas trabalhar como cabelereira e depois se tornava babá. Acabei mudando com os laboratórios que eu fiz", revelou a diretora durante a entrevista à jornalista Neli Pereira.
A trama mostra o embate entre a filha e sua mãe, que não aceita as regras impostas à empregada, tais como comer em horário diferente, com talheres diferentes e ficar em tempo integral na casa dos patrões. "O filme tira as pessoas da cadeira errada e, no fim, vai todo mundo para a cadeira certa. O que eu pensei que é que a Jéssica não soubesse essas regras. Trazendo elas do invisível para o visível. A Val é a que mais defende as regras e ela não é o patrão. Esse é um jogo bom que fica no nível do afeto e da filha. A Jéssica acaba podendo questionar mais por não saber", continua.
Anna Muylaert conta que esse hábito é uma questão cultural brasileira. "Lá fora eles perguntam: 'Isso existe mesmo?' Aí você entende que é uma questão cultural. Hoje, depois da PEC, apenas 2% das empregas dormem na casa [dos patrões]. Mas o Brasil ainda traz muito da herança escravocrata", explica.
"Quando eu escrevi o filme, eu não achava, mas hoje eu acho que sim [essa diferença geracional]. O jovem de hoje tem muito mais autoestima do que tinha há 60 anos. Acho que o governo PT fez muitas mudanças sociais que permitiram grandes avanços. Quando acaba com a fome, é obvio que a autoestima trabalha. Houve esse trabalho do governo, desde que o Lula virou presidente, de valorizar as classes baixas. Independente da crise que há hoje, alguém acabou com a fome".
Aclamado pelo público, o longa foi produzido com recursos da Agencia Nacional de Cinema (Ancine) e ganhou o principal prêmio na mostra Panorama, do 65º Festival de Berlim, em fevereiro. No festival de Sundance, nos Estados Unidos, o longa recebeu o Prêmio Especial do Júri pelas atuações de Regina Casé e Camila Márdila.
Fonte: BandNews FM.
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