sábado, 5 de setembro de 2015

Crítica: CORRENTE DO MAL, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Em 1975, David Cronenberg (A Mosca) filmou, no Canadá, o seu filme Calafrios, onde usava o sexo como metáfora. Lá, os personagens transavam e começavam agir de forma estranha, ao ponto de violentamente desejar a todo custo transar com outras pessoas e assim passando esse desejo incontrolável para os demais. Quem revê, não há duvida que o cineasta esteja então profetizando o que viria acontecer no início dos anos 80, quando as doenças venéreas começaram a se alastrar-se e tornando-se um grande problema de saúde.

Estamos no século 21, às doenças venéreas são (até certo ponto) controláveis e o sexo passou do tabu para um momento rotineiro ou até mesmo esportivo para determinadas pessoas. Claro que, ainda existe temor das doenças, assim como se teme a morte, fazendo com que algumas pessoas se travem para não cair na libertinagem. Em Corrente do Mal, não só o sexo é usado como metáfora para a criação da história, como também o próprio temor da morte é incrementado de uma forma até que original.

Jay (Maika Monroe) leva uma vida tranquila entre escola, paqueras e passeios no lago. Após uma transa casual, ela passa a ser atormentada por estranhas visões e sente estar sendo constantemente perseguida. O interessante que, só haverá uma chance das visões pararem, que é ela transar com outra pessoa, sendo que essa última terá que transar com outra para se livrar das visões e assim por diante.

Mais do que visões de pessoas se aproximando, elas na verdade machucam a protagonista e as pessoas em volta dela. Ela poderia transar com qualquer um para se livrar disso, mas fica o dilema de passar esse fardo pesadelo adiante. No decorrer do filme, a trama se torna cada vez mais angustiante, uma vez que as visões se tornam mais constantes.

O sexo é usado como metáfora para libertinagem? Sim, mas de uma forma que representa o desejo de qualquer mero mortal de hoje em dia o de transar a hora que quiser. Porém, as visões de pessoas estranhas que assombram os protagonistas é uma metáfora da própria morte, que veio devido o ato sexual que se aflorou entre eles. Mas a morte aqui não é usada como alavanca de freio, mas sim como uma forma de aviso de que, independente do que você faça, ela irá lhe alcançar, não importa aonde e quando. Sendo assim os protagonistas se ajudam, até mesmo para colocar para fora os desejos que sentem um pelos outros, mesmo com a ideia inevitável da morte vinda ao encalço deles. Tudo isso logicamente poderia render um filme previsível, ou até mesmo ridículo em alguns momentos. Porém, o cineasta David Robert Mitchell prova exatamente ao contrário. Habilidoso como ninguém, ele usa e abusa do uso de sua câmera, sendo que, ele explora não somente bons movimentos com ela (atenção para a cena do condomínio abandonado), como também as cenas com espaços abertos, dando destaques aos pequenos detalhes ao fundo, que vão gradualmente se tornando algo que contradiz o que a gente pensava no início da cena. São velhas formulas já usadas a exaustão no gênero de horror, mas graças à boa direção de Mitchell, o filme não cai em nenhuma vala comum.

Sucesso de público e critica nos EUA, sendo até mesmo elogiado em festivais pelo mundo como Cannes, Corrente do Mal é uma prova que o gênero de horror ainda pode nos assustar. Desde que, sua mensagem e fórmulas de causar medo, sejam dirigidas por alguém que não esteja pensando em apenas dirigir no piloto automático, mas sim criar algo criativo.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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