domingo, 4 de outubro de 2015
Crítica: DE CABEÇA ERGUIDA, através de Marcelo Castro Moraes.
Fonte: www.google.com.br/imagens
Em tempos de crise política no Brasil, é curioso observar que surgem sempre políticos que, se dizem a serviço do povo, mas está mais interessado em pegar a onda do momento e conseguir votos futuros vindos de eleitores cegos e desesperados por mudanças. Recentemente foi lançado o projeto lei que diminuí a maioridade penal para 16 anos, o que desencadeou uma briga sem precedentes entre aqueles que aprovam e aqueles que desaprovam. Infelizmente aqueles que desejam que essa lei seja aprovada, se esquecem da formação do jovem, e no que ele irá se transformar no decorrer dos anos atrás das grades, pois tudo começa através da educação que eles têm em suas casas, mas ao invés disso, ficam pregando que a delinquência nasceu com ele (jovem) ou que surgiu simplesmente de uma hora pra outra.
Enquanto esse debate sem fim prossegue em nosso país, na França se nota o quanto eles se preocupam na formação do jovem, principalmente no que é visto no serviço público. Filmes como Entre os Muros da Escola e Polissia retratam muito bem isso, aonde assistimos profissionais que, encaram todos os motivos para desistirem dessa geração, mas encontram sempre esperança em um lugar que não existe mais esperança. Dirigido pela também atriz Emmanuelle Bercot, Cabeça Erguida talvez venha futuramente a formar uma espécie de trilogia do serviço público francês ao lado dos dois filmes citados acima, mas alfinetando num ponto mais delicado, do qual muitos profissionais da área desistem antes mesmo de começar, porém sempre haverá alguém que ainda acredita que algo poderá ser feito em relação a isso.
Na trama, acompanhamos os dez anos de cruzada rebelde de Malony (Rod Paradot, ótimo) que, devido a sua jovem mãe negligente (Sara Forestier), ele se transforma num garoto rebelde e que não hesita em provocar certos delitos como roubar carros e agredir as pessoas, tanto fisicamente como verbalmente. Cabem os esforços de uma juíza (Catherine Deneuve) e do tutor Yann (Benoît Magimel) colocarem o rapaz nos trilhos, nem que isso leve até mesmo anos para ser feito. No decorrer do filme, se percebe que essa missão não será das mais fáceis. Malony é uma entidade rebelde de natureza incontrolável, mas não podemos culpá-lo pelo o que ele se transformou, mas sim analisar sobre o porquê ele chegou nessa situação. Seria fácil culpar a sua mãe, mas ela também teve uma vida difícil, se casando muito nova e tendo filhos prematuramente e mal sabendo como educá-los. O filme adentra no miolo da situação, aonde atos e consequências se tornam o princípio para esses personagens se perderem no percurso de suas vidas.
Embora seja um estreante, Rod Paradot dá um verdadeiro show de interpretação e simplesmente rouba a cena com o seu personagem Malony, mesmo quando contracena com atores e atrizes de grande talento como Deneuve. Porém, Benoît Magimel também se sobressai quando entra em cena, pois ele consegue passar o quanto o seu personagem Yann sofre, transitando entre ajudar o rapaz, mas ao mesmo tempo sofrendo na falta de fé que o abate às vezes. Malony nada mais é para Yann, do que um reflexo do que ele já foi um dia, o que faz com que ele enfrente demônios interiores, dos quais ele achava que já estavam adormecidos.
No final das contas, os erros do passado de um, influencia nos erros do outro no presente, mas da mesma forma servem como exemplo para o que não se deve fazer. Num determinado momento no filme, alguém diz que colocar criança no mundo não é um brinquedo, o que desencadeia o surgimento de um fio de esperança a partir desse pensamento. Ligando a isso, a cena final com certeza está entre os melhores momentos do filme, pois ela sintetiza o quão é necessário nós errarmos, para assim amadurecermos e ensinarmos o que for de melhor para a nossa futura geração. Apelidado por alguns como “Os Incompreendidos do século 21” De Cabeça Erguida é um filme que retrata uma realidade que talvez esteja a poucos metros de você. Resta saber se você é apto em estender a mão para ajudar, ou simplesmente dizer uma palavra boa para reconfortar.
Trailer
Fonte: www.youtube.com
Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.
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