domingo, 19 de agosto de 2012

Mostra “Cinema e Jornalismo Esportivo”, na Sala Redenção – Cinema Universitário.

Nas duas semanas finais de agosto, a Sala Redenção – Cinema Universitário conta com mais uma programação especial. A temática em questão é jornalismo esportivo. Convidamos Marcelo Pizarro Noronha – pós-doutorando em antropologia social e especialista em Jornalismo Esportivo pela UFRGS – para criar de forma conjunta à programação de Cinema e Jornalismo Esportivo. No texto que segue, Noronha faz uma pequena introdução a respeito do tema.

Nos próximos anos, o Brasil sediará dois megaeventos esportivos. Estamos falando da Copa do Mundo (2014) e dos Jogos Olímpicos (2016), espetáculos de ampla cobertura midiática em termos internacionais, que envolvem inúmeros atores e questões. Por meio do futebol, por exemplo, podemos problematizar temáticas, tais como a da identidade, a da religiosidade e a do racismo. O chamado “esporte das multidões” pode ser considerado um fato social, uma vez que está inserido em diferentes dimensões culturais e políticas, bem como uma metáfora da globalização (como diriam alguns importantes historiadores), por conta das constantes transferências de jogadores em nível continental. É crescente a quantidade de sociólogos e de antropólogos que fazem do esporte um objeto de investigação, ora estranhando práticas esportivas, ora se apaixonando por elas. Existem também pesquisadores (embora em menor número) que tratam o esporte como alienação, por compreenderem o corpo atlético como mercadoria. Os estudos de gênero também se debruçam sobre o campo esportivo, questionando papéis sociais e sexualidade(s). São muitos os olhares – e os sentimentos – sobre o universo do esporte e, por esse motivo, queremos possibilitar com este ciclo a discussão sobre os modos como ele é representado, sobretudo no cinema. Os filmes escolhidos lidam com alguns dos elementos simbólicos que constituem o campo esportivo, sabidamente produtor de mitos e de rituais de passagem que fazem dos atletas verdadeiros heróis (ou vilões, em alguns casos). A avaliação destas obras sugere a reflexão sobre os discursos midiáticos, que diariamente alimentam o nosso imaginário, por meio de suas notícias, contribuindo para a construção e para a desconstrução de ídolos. Para tanto, temos que reconhecer o esporte como linguagem e como arte, capaz de encantar e de mover bilhões de pessoas – e de dólares – em torno de uma bola, de um estádio, de uma raia, de uma televisão. Este é um convite não apenas aos jornalistas especializados, mas a todos aqueles que tratam o esporte como um fenômeno cultural. Boa parte da programação deste ciclo aborda o futebol, devido à proximidade da Copa do Mundo e à relevância deste esporte para o país. O boxe também integra a seleção de filmes, caracterizando-se como uma modalidade comumente representada de forma dramática, sendo o lutador, vencedor ou não, alguém que geralmente sofre muito para manter-se em pé no ringue, que é uma alegoria da sua própria vida. O basquete, o futebol norte-americano e a queda de braço compõem os outros esportes que serão abordados no ciclo. De modo geral, as principais personagens de cada filme selecionado fazem do esporte, no contexto das obras, um trabalho e uma catarse, pois, em meio às práticas esportivas (incluindo treinamentos), questionam suas escolhas e suas trajetórias de vida, sendo o esporte um caminho de superação para problemas pessoais e familiares. Não é raro, nos filmes que dialogam com o esporte, presenciarmos tragédias e redenções, derrotas e vitórias, como num jogo, torneio ou campeonato. Os adversários dos nossos atletas-heróis muitas vezes são eles próprios, o que lhes exige um grande esforço em busca do autoconhecimento. A análise dos filmes, ou mesmo o sentir sobre eles, implica a atenção sobre diferentes elementos que fazem parte das obras, como a música. Filmes como Rocky, um lutador (1976) e Carruagens de fogo (1981), por exemplo, que não fazem parte do ciclo, mas que nem por isto devem deixar de ser mencionados, por se tratarem de clássicos, tornaram-se famosos, em parte, por conta da sua trilha sonora. O figurino, a fotografia, enfim, as várias linguagens presentes no cinema – esta generosa arte, que acolhe tantas outras –, precisam ser exploradas. Retomando a questão do esporte como arte, chamamos a atenção para um texto de Ziraldo*, que atribuiu a Pelé o dom de ser simultaneamente um jogador e um artista – um bailarino! O jornalismo esportivo, por vezes, trilha este poético (e também ideológico) caminho, colaborando, por meio de suas narrativas (visuais, sonoras, outras) para a “espetacularização” do esporte, divinizando e/ou demonizando confederações, atletas e clubes, mas, sobretudo, compartilhando com o seu imenso e diversificado público a paixão pelo esporte.

Curadoria de Tânia Cardoso de Cardoso e Marcelo Pizarro Noronha

* PINTO, Ziraldo Alves. Pelegrino & Petrônio. São Paulo: Melhoramentos, 1990. Coleção Corpim.

Serviço

O Quê: Cinema e Jornalismo Esportivo
Quando: 20 a 31 de agosto
Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS
Quanto: Entrada Franca

Maiores informações

tania.cardoso@difusaocultural.ufrgs.br
Fone (51) 3308-3933
www.difusaocultural.ufrgs.br
www.salaredencao.com

Acompanhe! Ficha técnica, sinopse e datas de exibições dos filmes da Mostra Cinema e Jornalismo Esportivo

Invictus (Invictus, 2009, EUA, 133 min.) dir. Clint Eastwood
20 agosto – 2°feira – 16h
Invictus acompanha o período em que Nelson Mandela (Morgan Freeman) sai da prisão em 1990, torna-se presidente em 1994 e os anos subsequentes. Na tentativa de diminuir a segregação racial na África do Sul, o rugby é utilizado para tentar amenizar o fosso entre negros e brancos, fomentado por quase 40 anos. O jogador Francois Pienaar (Matt Damon) é o capitão do time e será o principal parceiro de Mandela na empreitada.



À procura de Eric (Looking for Eric, 2009, Inglaterra, 116 min.) dir. Ken Loach
20 agosto – 2°feira – 19h
Divorciado, na meia-idade, guardião de dois enteados depois que a mulher o deixou, o Eric carteiro tem problemas como solidão, dinheiro, bebida e o envolvimento de um de seus garotos com gangsters. Seu ídolo Eric Cantona começa misteriosamente a aparecer-lhe, guiando-o com conselhos, que o levam a mudar de atitude e enfrentar tudo isso e ainda uma velha questão do passado, uma pendência com o primeiro amor, Lily.

O lutador (The wrestler, 2008, EUA, 109 min.) dir. Darren Aronofsky
21 de agosto – 3°feira – 16h
Randy "Carneiro" Robinson (Mickey Rourke) é um solitário e famoso lutador de wrestler que se sustenta através das lutas e também de "bicos" que faz em um mercado local. Após um intenso combate, Randy sofre um infarto e, depois de uma cirurgia, é informado que corre risco de morte se voltar a praticar atividades físicas. Assustado, ele procura dividir sua angústia com uma stripper (Marisa Tomei), por quem nutre um desejo e que o ajuda a retomar o contato com Stephanie (Evan Rachel Wood), a filha abandonada por ele. Dividido entre um passado de glória e um futuro incerto, Randy se vê pressionado a retornar ao ringue para uma importante revanche que pode mudar a sua vida.



Boleiros – era uma vez o futebol (1997, Brasil, 98 min.) dir. Ugo Giorgetti
21 de agosto – 3°feira – 19h
A força de boleiros reside no contraste entre as arestas da vida cotidiana e a grandeza do mito. O grande trunfo de Boleiro á a abordagem reflexiva de alguém que entende de bola e é apaixonado pelo assunto.

O vencedor (The fighter, 2010, EUA, 116 min.) dir. David O. Russell
23 de agosto – 5°feira – 16h
Dicky Ecklund (Christian Bale) teve seu auge ao enfrentar o campeão mundial Sugar Ray Leonard em uma luta de boxe, colocando a pequena cidade de Lowell no mapa. Até hoje ele vive desta fama, apesar de ter desperdiçado a carreira devido às drogas. Micky Ward (Mark Wahlberg), seu irmão, tenta agora a sorte no mundo do boxe, sendo treinado por Dicky e empresariado por Alice (Melissa Leo), sua mãe. Só que a família sempre o coloca em segundo plano em relação à Dicky, o que impede que Micky consiga ascender no esporte. A situação muda quando ele passa a namorar Charlene Fleming (Amy Adams), que o incentiva a deixar a influência familiar e tratar a carreira de forma mais profissional.

Homeboy – chance de vencer (Homeboy, 1988, EUA, 110 min.) dir. Michael Seresin
23 de agosto – 5°feira – 19h
Johnny Walker (Rourke), cowboy à beira do fim da carreira, tenta agora a sorte nos ringues como lutador de boxe amador. Suas lutas não chegam a empolgar, mas chamam a atenção do malandro Wesley Pendergass (Walken), que se afeiçoa a Walker e planeja usá-lo em um lucrativo golpe. Walker, por sua vez, só tem olhos para o ringue e para Ruby (Debra Feuer), por quem está apaixonado.

Linha de passe (2008, Brasil, 113 min.) Dir. Walter Salles e Daniela Thomas
24 agosto – 6°feira – 16h
São Paulo. Reginaldo (Kaique de Jesus Santos) é um jovem que procura seu pai obsessivamente. Dario (Vinícius de Oliveira) sonha em se tornar jogador de futebol, mas, aos 18 anos, vê a ideia cada vez mais distante. Dinho (José Geraldo Rodrigues) dedica-se à religião. Denis (João Baldasserini) enfrenta dificuldades em se manter, sendo também pai involuntário de um menino. Os quatro são irmãos precisam lidar com as transformações religiosas pelas quais o Brasil passa, assim como a inserção no meio do futebol e a ausência de uma figura paterna.



Homens brancos não sabem enterrar (White men can't jump, 1992, EUA, 115 min.) dir. Ron Shelton
24 agosto – 6°feira – 19h
Billy Hoyle (Woody Harrelson) e Sidney Deane (Wesley Snipes) se consideram os melhores jogadores de basquete de Los Angeles. Eles decidem unir forças e passam a enganar seus competidores, fingindo que Billy nada sabe sobre o esporte. Só que, na quadra, eles arrasam ao aplicar um jogo rápido e repleto de brincadeiras. Entretanto, a parceria pode chegar ao fim devido à gângsters que estão atrás de Billy, que lhes deve dinheiro.

Meu nome é Joe (My name is Joe, 1998, Escócia, 105 min.) dir. Ken Loach
27 agosto – 2°feira – 16h
O filme se passa na área mais pobre de Glasgow, onde Joe Kavanagh (Peter Mullan) é o treinador do pior time de futebol de desempregados da Escócia. Joe parou de beber ha dez meses e frequenta o Alcóolicos Anônimos. Conhece a assistente social Sarah (Louise Goodall) e os dois se sentem atraídos. Mas é aí que os problemas realmente começam.

Falcão - o campeão dos campeões (Over the top, 1987, EUA, 93 min.) dir. Menahem Golan
27 agosto – 2°feira – 19h
Quando descobre que sua ex-mulher (Susan Blakely) sofre de uma doença incurável, Lincoln Hawk (Sylvester Stalonne), caminhoneiro e ex-lutador, tenta reconquistar o amor do filho do casal (David Mendenhall), educado em um colégio militar, fortemente influenciado pelo avô materno (Robert Loggia).

Hooligans (2005, Inglaterra, 109 min.) dir. Lexi Alexander
28 agosto – 3°feira – 16h
Expulso injustamente de Harvard, o americano Matt Buckner (Elijah Wood) vai para a casa da sua irmã em Londres. Lá, ele faz amizade com o seu perigoso cunhado, Peter Dunham (Charlie Hunnam), e é apresentado ao submundo dos hooligans do futebol inglês. Matt aprende a marcar o seu território através da amizade que desenvolve neste mundo secreto e violento. Hooligans é uma história de lealdade, confiança e algumas vezes das brutais consequências de estar vivendo no limite.



O campeão (The champ, 1979, EUA, 121 min.) dir. Franco Zeffirelli
28 agosto – 3°feira – 19h
Billy Flynn (Jon Voight) é um ex-campeão do boxe, mas que agora está na pior, afundado nas bebidas e nos jogos. Porém, seu filho T.J. (Rick Schroder) acredita no potencial de seu pai, sabe de sua condição, mas nunca deixa de afirmar que ele é seu eterno campeão.

Um domingo qualquer (Any Given Sunday, 1999, EUA, 156 min.) dir. Oliver Stone
30 de agosto – 5°feira – 16h
Não importa quem você é nem o que você faz para sobreviver. Tem sempre alguém mais jovem, mais rápido e mais forte bem atrás de você. Um íntimo olhar sobre os bastidores do futebol americano, passando desde os jogadores até os treinadores, a mídia e os donos de times, que controlam o jogo como um grande negócio que lucra milhões de dólares todo ano.

Munique (Munich, 2005, EUA, 163 min.) dir. Steven Spielberg
30 de agosto – 5°feira – 19h
O filme revive o massacre dos 11 atletas israelenses por terroristas nas Olimpíadas de Munique, em 1972. Um grupo de agentes israelenses tem o objetivo de procurar e exterminar os responsáveis por esse ataque.

Fuga para a vitória (Victory, 1981, EUA, 116 min.) dir. John Huston
31 de agosto – 6°feira – 16h
Em um campo alemão de prisioneiros de guerra o major Karl Von Steiner (Max Von Sydow), que já tinha pertencido à seleção alemã de futebol, tem a ideia de fazer um jogo entre uma seleção dos prisioneiros aliados, liderados pelo capitão John Colby (Michael Caine), um inglês que era um conhecido jogador de futebol. Colby também teria a tarefa de selecionar e treinar o time, para enfrentar o time alemão no Estádio Colombes, em Paris. Enquanto os nazistas, com exceção de Steiner, planejam fazer de tudo para vencer o jogo e assim usar ao máximo a propaganda de guerra nazista, os jogadores aliados planejam uma arriscada fuga durante a partida.

O resgate de um campeão (Resurrecting the Champ, 2007, EUA, 112 min.) dir. Rod Lurie
31 de agosto – 6°feira – 19h
O repórter esportivo Erik (Josh Hartnett), salva um sem-teto e acredita que ele seja Bob Satterfield (Samuel L. Jackson), uma lenda do boxe, que todos acreditavam estar morto. Assim, surge para o jovem a oportunidade de uma grande matéria, resgatando a história de um campeão. Esta jornada do ambicioso repórter transforma-se em uma viagem pessoal, na qual ele reexaminará sua própria vida e seu relacionamento com a família.

Fonte: Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, através de Tânia Cardoso de Cardoso.

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