quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Crítica: JACKIE, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O cinéfilo mais atento irá reparar que o cineasta chileno Pablo Larraín gosta de explorar assuntos políticos em suas obras, porém, ao invés de retratar os fatos verídicos com exatidão, ele prefere lançar um olhar pessoal com relação aos fatos e criar um cinema autoral da sua maneira. No, O Clube e o recente Neruda, são exemplos desse método adotado pelo cineasta chileno. Em Jackie sua primeira produção norte-americana, ele não se intimida ao lançar um olhar crítico e lúcido dos primeiros dias de Jaccqueline Kennedy, após o assassinato do seu marido, o presidente John F. Kennedy.

A trama começa com um repórter indo entrevistar a senhora Kennedy (Natalie Portiman), após os quatro dias da morte do seu marido. Durante a entrevista, as suas memórias tomam conta da tela e revelam um olhar pessoal perante uma realidade na qual ela não gostaria de estar. Ao mesmo tempo, ela começa a se dar conta do verdadeiro circo do qual o universo político cria e que, querendo ou não, fazia parte dele também.

Mesmo sendo o seu primeiro filme americano, percebe-se que Larraín ganhou carta branca dos produtores para fazer o que bem entender com a obra, pois não estamos diante de uma cinebiografia, mas sim de uma obra que retrata quatro dias difíceis de uma mulher que, pela primeira vez, encara a realidade do universo no qual vive. Para sentirmos o que a protagonista passou o cineasta foca ao máximo ela, com a sua câmera, fazendo com que quase haja uma situação de claustrofobia.

Com uma bela reconstituição de época, o filme foca no glamour do universo político, mas ao mesmo tempo, não escondendo o fato de que todos que convivem naquele cenário correm sérios riscos de serem descartáveis. Após o seu marido ser assassinado, Jacqueline percebe que o seu (aparentemente) conto de fadas se evaporou, mas ao mesmo tempo não descartando a possibilidade de fazer parte para sempre, daquela realidade nua e crua. Tal carga emocional somente funciona em cena, devido a grande interpretação da atriz Natalie Portiman, pois, ela surpreende ao interpretar essa figura histórica, cumprindo o seu papel com louvor, até o fim da projeção e não se intimidando na presença do talentoso John Hurt.

Com uma reconstituição de época que se cruza com cenas reais daquele período, Jackie é um pequeno retrato de uma mulher que viu as suas fantasias se estilhaçarem, mas ao mesmo tempo fez com que ela acordar-se para o mundo real e sem máscaras.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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