domingo, 18 de dezembro de 2016

Crítica: MARESIA, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Na mágica sempre há um truque, mas que dificilmente a pessoa comum percebe, pois ela está mais interessada na surpresa e não na forma da qual ela é criada. O desaparecimento do mágico é então a façanha mais surpreendente, pois após o número, o que assiste observa o chão ou acima para ver de que forma ele conseguiu tamanha façanha. Embora Maresia não trate desse assunto, acompanhamos os motivos que levaram o desaparecimento do pintor Emilio Vega que, num passe de mágica, desaparece nas águas de uma praia, mas toda mágica há o seu truque.

Dirigido por Marcos Guttmann acompanhamos a trama em duas linhas distintas. Na primeira, acompanhamos o perito em arte ‘Gaspar Dias’ (Júlio Andrade), que vive em busca das artes de Emilio Vega, um grande pintor que vivia na região e que suas artes podem estar espalhadas em diversos lugares. Já á segunda linha da história acompanhamos o dia a dia do próprio ‘Emilio Veja’ (também interpretado por Júlio Andrade), que vive de pintar quadros com relação à paisagem na qual vive, mas que ao mesmo tempo enfrenta os seus demônios interiores.

Embora num primeiro momento a história possa parecer simples, é na direção de Guttmann que se encontra o coração da obra, já que ele não nos apresenta uma direção convencional, mas sim de uma forma pessoal e que faça com que a gente presta atenção em cada cena, como se fosse um número de magia. O presente e o passado trocam de lugar durante a projeção sem prévio aviso e fazendo com que montemos mentalmente um quebra cabeça, principalmente com relação a cada um dos personagens apresentados nela. Se você desviar o olhar, irá perceber que perdeu então o fio da meada e daí começa a se perguntar quem é quem no presente e quem é a sua contra parte em histórias passadas. Claro que um filme com uma proposta como essa somente funcionará, também graças a um ótimo elenco, ao começar por Júlio Andrade: versátil e dono de uma presença forte, Andrade simplesmente some na pele, tanto do personagem Gaspar, como do próprio pintor Vega, sendo que esse último o interprete simplesmente some de cena e dando lugar exclusivamente ao personagem, que mais parece uma entidade da natureza pronta para explodir e que vai contra a realidade em sua volta.

Claro que a pessoa mais atenta irá desvendar o mistério que envolve esses três (?) personagens. Mas até lá, Marcos Guttmann foi habilidoso ao criar elementos dos quais a gente interpretasse como certos, quando na realidade eles estavam somente ali para obscurecer o óbvio. Quando o passado e o presente finalmente se encontram numa simbólica cena de um prédio abandonado, tudo então faz sentido, mesmo quando ela soa meio que inverossímil.

Embora curto, Maresia é um filme que possui tantos elementos simbólicos, que faz com que tenhamos sempre o desejo de revisitá-lo.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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