domingo, 29 de janeiro de 2017

Crítica: EU, DANIEL BLAKE, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Ken Loach apareceu para o mundo em 1969 com o filme Kes, ou seja, a classe trabalhadora sempre ganha destaque nas obras desse cineasta. Eu, Daniel Blake, novo filme do cineasta, acabou se tornando a sua segunda obra a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes, sendo que a primeira havia sido Ventos da Liberdade. Chegando agora em cartaz, há indícios aqui que, o seu mais novo filme, tenha ganhado o grande prêmio do festival por questões políticas, mas ao mesmo tempo, é uma obra que nos mexe do começo ao fim e faz com que nos identifiquemos facilmente.

Eu, Daniel Blake é um longa bastante humano, criado em situações familiares e que faz com que compreendemos as motivações dos personagens, de uma forma mais rápida. Tendo pontos em comum com o belga Dois Dias, Uma Noite, o filme nos brinda com uma atmosfera mórbida, como se não houvesse saída para esses personagens, mesmo quando ocorram situações da qual nasça uma esperança. Não é um cinema autoral, onde você não encontrará truques de movimento de câmera ou até mesmo trilha sonora irreconhecível, sendo que o trabalho do compositor Gerge Fenton aqui é bem contido e discreto.

Já o diretor de fotografia Robbie Ryan cria uma atmosfera fria e de pouca esperança naquele universo particular daquelas pessoas, que vivem em busca de um objetivo na vida e de um pouco de respeito. O roteiro de Paul Laverty, embora simples, consegue extrair o melhor das atuações de cada um dos atores. Dave Johns, ao interpretar Daniel, criou-se então um dos personagens mais queridos do cinema recente, fazendo a gente torcer por ele do começo ao fim. Contudo, é preciso reconhecer a grande interpretação da atriz Hayley Squires, que ao construir para si a personagem Katie, ela consegue passar todo o grande peso do mundo que a sua personagem passa.

Diferente do que se passa em determinados filmes, Ken Loach deu ao seu elenco um espaço no qual faz com que as suas interpretações soassem verossímeis, como se alguns momentos os interpretes saem de cena e assim dando lugar aos seus personagens. Dito isso, o filme nunca entra na armadilha de cair no melodrama, mas sim obtendo pontos dramáticos convincentes e transitando em alguns momentos de humor, principalmente em situações das quais é preciso rir para não chorar.

Eu, Daniel Blake é um filme alerta, com relação ao nosso tempo atual. Sendo assim só nos resta agir de uma maneira cautelosa, e se for o caso ficaremos na torcida para que o futuro volte a brilhar, para as nossas próximas gerações.


Trailer

Fonte: www.youtube.com

Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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