domingo, 11 de janeiro de 2015

Crítica: Êxodo: Deuses e Reis, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O novo longa-metragem dirigido por Ridley Scott recebe o título de “Êxodo: Deuses e Reis” e, conforme o nome diz, conta a história da libertação do povo hebreu que eram escravos dos egípcios. Para aqueles cinéfilos mais familiarizados com o clássico Os Dez Mandamentos, a trama é a mesma que a gente conhece. Sendo assim, veremos Moisés no exílio, tendo uma transformação de sua pessoa de numa forma gradual, até se tornar o libertador dos cativos, aliado com a chegada das pragas e o início para a liberdade.

Embora a trama se apresente de uma forma resumida, o filme nos convence, mesmo a gente sabendo de que, se tratando de um personagem histórico como Moisés, daria para fazer mais de um filme. A história como todos sabem é bíblica, mas logicamente passou por algumas adaptações nas mãos dos roteiristas, transformando diversas situações de uma forma mais realista. Certas coisas vistas na tela são diferentes do que está escrito no velho testamento, mas nem por isso o crente mais ferrenho irá deixar de gostar.

O curioso é observar da maneira como é mostrado as obras de Deus no filme, sendo num clima "pé no chão", ou melhor, dizendo, num alto grau de verossimilhança. Pegamos, por exemplo, o primeiro encontro entre o protagonista e Deus: uma simples pedrada na cabeça pode de um lado levantar, tanto teorias científicas, como também uma forma de apresentar de um jeito mais convincente o possível (ou não) encontro com o todo poderoso.

Embora eu goste dessa coragem de misturar fantasia e realismo, a impressão que se dá em alguns momentos, é o que filme não sabe em que direção quer tomar. Porém é de se tirar o chapéu com relação aos efeitos especiais fantásticos, principalmente com relação à travessia do Mar Vermelho que, de todos os momentos, é o de maior grau de realismo e por isso mesmo se torna tão grandioso. A trilha sonora se casa muito bem com esses momentos onipresentes, mesmo quando eles se tornam forçados demais.

Entretanto, se um momento ou outro parece forçado, a trama tem a ousadia de se dividir entre ciência e crença: os conselheiros do faraó sempre dão imersão na ciência egípcia, que de fato sabiam muita coisa sobre medicina e a natureza. A própria travessia pelo Mar Vermelho segue um conceito que já foi explicado em diversos documentários no mundo a fora. Com isso, se percebe a intenção dos roteiristas em agradar, tanto os que vivem da fé cega, como também, da lógica, mas que infelizmente (e com razão) não agradou muito a critica internacional. Não culpo Ridley Scott por ter optado por essa escolha em agradar tudo e a todos, pois o próprio mundo no que hoje vivemos se encontra dividido entre a fé e a razão e o filme corresponde um pouco a esse dilema contemporâneo.

Polêmicas a parte, tecnicamente o filme é perfeito em termos de reconstituição. Ao começar pela ambientação, que foi pensada em fazer com que o público se sentisse vendo um retrato fiel daquele período. Além disso, o título retrata bem os vilarejos construídos em partes distantes, dando um contexto significativo à história. Os cenários internos também deixam claro como era a realidade dos escravos e é difícil encontrar algum defeito nesse quesito.

O figurino também foi feito de uma forma com que parecesse realmente saído daquela época: às vestimentas do Faraó e dos membros do conselho egípcio, juntando aqui a questão das armas, que ganha destaque na espada de Moisés, temos uma obra coerente e muito bem detalhada. As atuações dão vida aos personagens históricos, com destaque a Bale como Moisés, que nos convence em quase todos os momentos durante a projeção, tanto nas cenas de ação, como em momentos em que exige uma dramatização maior do seu ser. Porém, os coadjuvantes não ficam muito atrás: Joel Edgerton (Ramses) tem um desempenho daqueles que fazem o restante do elenco em cena desaparecer e John Turturro (Seti) e Aaron Paul (Josué) não decepcionam nos seus respectivos papeis. Entretanto, não podemos desmerecer Ben Kingsley, Sigourney Weaver e a belíssima María Valverde.

Com pouco mais de duas horas e meia de duração, “Êxodo: Deuses e Reis” é um filme que nos prende do começo ao fim, mas fica a impressão se era realmente necessário haver mais outra versão sobre essa conhecida história para o cinema.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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