terça-feira, 29 de março de 2016

‘Marcas da Memória’ na Sala Redenção – Cinema Universitário da UFRGS em Porto Alegre RS.


Cena do filme ‘A memória que me contam’ de Lúcia Murat


A Sala Redenção – Cinema Universitário, em parceria com Sesc/RS e o grupo de pesquisa Constitucionalismo e Justiça de Transição na América Latina, da Faculdade de Direito da UFRGS, convida o público para uma reflexão sobre um dos períodos mais nebulosos de nossa história: a ditadura civil-militar brasileira.

A preservação da memória histórica coletiva é definidora para o fortalecimento da democracia e crescimento social do ponto de vista humano. Em se tratando de ditadura militar, os relatos populares, pessoais e artísticos das fontes alternativas de mídia daquele período são de suma importância em razão do conhecido controle sofrido pelos veículos de comunicação da época, do impositivo discurso oficial e da violenta perseguição às vozes dissonantes.

Tais fontes alternativas de resgate histórico, como a literatura, a música e o próprio cinema se mostraram ferramentas mais do que poderosas de restauração da memória e, em relação a um período tão estéril de esclarecimentos e pluralidade, elas tem um papel fundamental de resistência e de justiça para com as realidades suprimidas.

A fim de apresentar ao público elementos que permitam resgatar as memórias desse período, A Sala Redenção – Cinema Universitário, Sesc/RS e o grupo de pesquisa Constitucionalismo e Justiça de Transição na América Latina, da Faculdade de Direito da UFRGS, uniram-se para a exibição dos filmes contemplados na mostra.

Marcas da Memória é um projeto da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que tem por finalidade fomentar iniciativas culturais que permitam o acesso do público à memória e à verdade dos fatos ocorridos durante os regimes de exceção da América do Sul, tendo como maior parte de suas obras o exemplo brasileiro, para que se possa de forma coletiva e plural recuperar a memória histórica e política de nosso país.

O projeto nos oportuniza obras que trazem à tona os fatos encobertos pelos regimes ditatoriais, dando espaço para as narrativas daqueles que tanto lutaram, sofreram, e, inclusive, foram privados de suas vidas na busca pelo reconhecimento de direitos essenciais à vida e à democracia.

Em cada um dos filmes presentes na mostra, encontramos uma história pessoal de superação, sofrimento, coragem e perda, mas, principalmente, de luta e de esperança. Uma a uma, as histórias contadas rompem o silêncio e nos fazem perceber a importância do gesto de resistência de pessoas e do reconhecimento da identidade nacional.

Tornar público os acontecimentos reais da história é tarefa de máxima importância para a história das sociedades. Mais do que isso, é a única forma de impedir o retrocesso, de impedir o declínio. É preciso resgatar a verdade histórica de modo constante e atento para, assim, olhar com mais lucidez para o passado, a fim de que nos tornemos cada vez mais fortes.

Roxanne Albanus, graduanda em ciências jurídicas sociais e integrante do grupo de pesquisa.


O Quê: Mostra Marcas da Memória

Quando: 01 de abril a 29 de abril

Onde: Sala Redenção – Cinema Universitário (Rua Eng. Luiz Englert, s/n., Campus Central UFRGS

Quanto: Entrada Franca


1964 - Um golpe contra o Brasil (Brasil, 2013, 145 min., 10 anos) Dir. Alípio Freire
1 de abril- sexta-feira – 16h
05 de abril- terça-feira – 19h
O documentário aborda a memória do período de conspiração do golpe de Estado, fazendo uma breve retrospectiva desde o final da II Guerra Mundial, além dos primeiros dias da ditadura civil-militar de 1964-1985, dentro do contexto internacional da época, com seus autores e suas motivações.

Uma dor suspensa no tempo (Brasil, 95 min, 12 anos) Dir. Vera Rotta
1 de abril- sexta-feira – 19h
4 de abril- segunda-feira – 16h
O documentário é rodado em cinco países: Paraguai, Brasil, Uruguai, Argentina e Chile relata a história de vítimas da ditadura militar no Cone Sul entre 1954 e 1990. É possível verificar as semelhanças e diferenças que caracterizam cada regime militar e as reações populares em cada país.

A memória que me contam (Brasil, 2013, 95 min, 14 anos) Dir. Lúcia Murat
4 de abril- segunda-feira – 19h
5 de abril- terça-feira – 16h
Narrado como um quebra-cabeça, numa sequência de emoções e sensações, o filme expõe as contradições de um grupo de amigos, que resistiram à ditadura militar, e que hoje se reencontram na sala de um hospital para acompanhar a internação de Ana, uma antiga companheira.

Muros e Pontes: Memória Protestante na ditadura (Brasil, 64 min) Realização KOINONIA
06 de abril - quarta-feira – 16h
18 de abril – segunda-feira – 19h
No imaginário nacional contemporâneo, o golpe militar de 1964 marca um mergulho no período conhecido como “os anos de chumbo”. Contrariando esta percepção atualmente mais dominante – mas nem por isso livre de ameaças -, à época, muitos foram os setores da sociedade brasileira a saudar o golpe como uma espécie de salvação para nosso país.

Ainda hoje existem perseguidos políticos (Brasil, 2012, 57 min, 10 anos) Dir. Coletivo Catarse
6 de abril- quarta-feira – 19h
7 de abril- quinta-feira – 16h
O documentário tem por objetivo fomentar o debate sobre a ausência de uma efetiva transição democrática no Brasil, pós Ditadura Civil-Militar implantada no País a partir de 1964. Identifica semelhanças no agir do Estado no passado e atualmente, demonstrando que a cultura do autoritarismo permanece arraigada em algumas instituições do Estado brasileiro.

Infância Clandestina (Argentina, Brasil, Espanha, 2012, 112 min, 14 anos) Dir. Benjamín Ávila
7 de abril- quinta-feira – 19h
Após a sessão, debate com Enrique Serra Padrós, Professor associado da UFRGS, integra os Conselhos Editoriais das revistas História & Luta de Classes, Taller, Maracanan, e Segle XX, entre outras.
8 de abril- sexta-feira – 16h
Filme baseado em fatos reais sobre o período de ditadura militar, a partir da visão de um menino que descobre o primeiro amor.

Duas histórias (Brasil, 2012, 52 min, 12 anos) Dir. Angela Zoé
Narra duas experiências diferentes, pois diferentes eram as concepções políticas que orientavam a resistência à ditadura. Mas são iguais na coragem, na dor, na sobrevivência e superação.
8 de abril- sexta-feira – 19h
13 de abril- quarta-feira – 16h

No (Chile, EUA, 2012, 117 min, 12 anos) Dir. Pablo Larraín
13 de abril- quarta-feira – 19h
14 de abril- quinta-feira – 16h
No momento em que o povo chileno é chamado para votar em um referendo pela permanência do General Augusto Pinochet no poder, o publicitário René Saavedra recebe o convite para integrar a equipe do "Não". Sua missão: criar filmes e materiais promocionais que convençam a maioria do povo chileno a votar "No".

Labirinto de papel (Brasil, 2014, 29 min) Dir. André Araújo, Roberto Giovannetti
Um grupo de pesquisadores do Tocantins busca elucidar eventos envolvendo militantes e o exército durante o período da ditadura civil-militar brasileira na região do então norte de Goiás.

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Lua nova do penar (Brasil, 2013, 27 min,10 anos) Dir. Leila Jinkings, Sidnei Pires
A família de Hiram de Lima Pereira tinha na música e na poesia um elemento central e unificador. Jornalista, ator e poeta, membro do Comitê Central do Partido Comunista, desaparecido político. As filhas cantam a música que Hiram compôs na prisão e as músicas que a mãe, musicista, deixou.
14 de abril- quinta-feira – 19h
15 de abril- sexta-feira – 16h

Memória para uso diário (Brasil, 2007, 94 min) Dir. Beth Formaggini
15 de abril- sexta-feira – 19h
18 de abril- segunda-feira – 16h
Memória Para Uso Diário é um filme que documenta a luta do grupo Tortura Nunca Mais a partir de pessoas comuns que, apesar das memórias traumáticas, fazem questão de lembrar e de fazer com que suas histórias não sejam esquecidas.

Diários de uma busca (Brasil, 2011, 108 min) Dir. Flávia Castro
19 de abril- terça-feira – 16h
Celso Castro, jornalista com uma longa história de militância de esquerda, é encontrado morto no apartamento de um ex-oficial nazista. O episódio é o ponto de partida de Flavia, filha de Celso e diretora do filme que decide reconstruir a história da vida e da morte do homem singular que foi o seu pai.

Cidadão Boilesen (Brasil, 2009, 92 min) Dir. Chaim Litewski
19 de abril- terça-feira – 19h
20 de abril- quarta-feira – 16h
Através de diversos depoimentos, o documentário revela as ligações de Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do famoso grupo Ultra, da Ultragaz, com a ditadura militar.

Um golpe, 50 olhares (Brasil, 54 min) Produzido pela ONG Criar Brasil
20 de abril- quarta-feira – 19h
22 de abril- sexta-feira – 16h
O filme é uma produção colaborativa, que busca retratar o olhar da sociedade brasileira sobre os anos de chumbo no Brasil passados 50 anos de golpe civil militar. Para tanto, reúne 50 vídeos de 1 minuto de duração produzidos por realizadores de diferentes estados do país.

O dia que durou 21 anos (Brasil, 2013, 77 min) Dir. Camilo Tavares
22 de abril- sexta-feira – 19h
25 de abril- segunda-feira – 16h
O documentário mostra a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. A ação militar que deu início a ditadura contou com a ativa participação de agências como CIA e a própria Casa Branca.

Nossas histórias (Brasil, 2014, 77 min, 12 anos) Dir. Angela Zoé
25 de abril- segunda-feira – 19h
26 de abril- terça-feira – 16h
O documentário Nossas Histórias relata histórias pessoais de três pessoas anônimas que lutaram e resistiram de forma heroica à ditadura militar brasileira.

Retratos de identificação (Brasil, 2014, 71 min, 12 anos) Dir. Anita Leandro
26 de abril- terça-feira – 19h
27 de abril- quarta-feira – 16h
Na época da ditadura militar, os presos políticos eram fotografados em diferentes situações: desde investigações e prisões até em torturas, exames de corpo de delito e necropsias. Hoje, dois sobreviventes à tortura veem, pela primeira vez, as fotografias relativas às suas prisões.

Os dias com ele (Brasil, 2014, 107 min) Dir. Maria Clara Escobar
28 de abril- quinta-feira – 16h
Maria Clara mergulha no passado quase desconhecido de seu pai, Carlos Henrique Escobar. As descobertas e frustrações de acessar a memória de um homem e de um período da história brasileira cheio de lacunas.

Betinho- a esperança equilibrista (Brasil, 2015, 90 min) Dir. Victor Lopes
28 de abril- quinta-feira – 19h
Após a sessão debate com Juremir Machado da Silva, professor do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social da PUC/RS, também assina uma coluna diária e mantém um blog no jornal Correio do Povo de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, além de apresentar o programa Esfera Pública na Rádio Guaíba.
29 de abril- sexta-feira – 16h
O documentário aborda a vida do sociólogo Hebert de Souza, conhecido como Betinho.

Juventudes e Lutas Ecumênicas (Brasil, 21 min) Dir. Juliana Radler
O Documentário "Juventude e Lutas Ecumênicas" mostra como jovens de várias tradições religiosas têm se mobilizado para, por meio de suas concepções sobre a prática da fé, transformar a realidade.
29 de abril- sexta-feira – 19h


Fonte: Coordenação e curadoria da Sala Redenção – Cinema Universitário - Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, através de Tânia Cardoso de Cardoso.

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