segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Crítica: O REGRESSO, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Nessa altura do campeonato muitas pessoas estão relacionando ao filme O Regresso como a obra que pode dar finalmente o Oscar para Leonardo DiCaprio, que aqui nos brinda com um dos seus desempenhos mais fortes de sua carreira. Porém, o filme não é para ser lembrado somente pela poderosa interpretação de seu protagonista, como também por ser uma obra requintada, cujo visual é arrebatador e inesquecível. Se formos simplificar, O Regresso é um show visual, onde cada imagem é um quadro em movimento e fazendo da natureza selvagem um verdadeiro belo inferno.

O que surpreende mais é o fato do filme ser dirigido por Alejandro González Iñárritu que, em menos de um ano, surpreendeu com o seu inesquecível Birdman, mas pelo visto o diretor não se sentiu satisfeito. Se no seu filme anterior acompanhamos um ator decadente em busca de uma redenção em sua carreira, aqui o protagonista abraça todas as formas possíveis para sobreviver em meio à natureza selvagem, para buscar e saciar a sua vingança pessoal, nem que para isso corra o risco de perder a sua própria humanidade. Em quase três horas, acompanhamos a transformação de um homem, do qual não aceita morrer em meio às adversidades, mas sim somente abraçar todas as formas de seguir em frente.

Pode-se dizer que a trama não traz nenhuma originalidade em termos de história, e que as motivações para a vingança do personagem não são como um todo bem explorado. A relação de pai e filho que existe na trama, por exemplo, e que serve de estopim para o início do segundo ato da trama, somente está ali para o personagem se agarrar no que deseja e não para ser emocionalmente explorada. Se o roteiro não satisfaz o mais exigente, pelo menos tecnicamente, o filme nos brinda com sequências das quais tão cedo a gente não esquecerá e muito se deve isso ao diretor de fotografia Emmanuel Lubezki.

Premiado já com dois Oscar pelos seus trabalhos em Gravidade e Birdman, Lubezki novamente surpreende com imagens arrebatadoras e com planos-sequências de tirar o fôlego. Revelado ao mundo pelo filme Filhos da Esperança, desde aquele filme Lubezki cria imagens mirabolantes, das quais nos faz ter a sensação de estarmos dentro das cenas. O Plano-sequência do qual vemos um ataque de índios é desde já espetacular. Porém, nada daquilo que já foi mostrado se compara ao ataque de urso que o protagonista sofre no primeiro ato do filme. Contracenando com um urso real (substituído em alguns momentos por um digital), Leonardo DiCaprio vira uma espécie de boneco de pano perante o animal enfurecido, e como a sequência não há cortes, nos cria a sensação de total impotência perante a possibilidade do personagem ser devorado na frente dos nossos olhos. Com certeza entrará facilmente como um dos momentos mais chocantes da história do cinema recente. A partir daí, o filme apresenta os dois lados da mesma moeda, como a questão da sobrevivência perante o horror e como determinada pessoa se comporta perante ela. Glass (Leonardo DiCaprio) usa a vingança como a sua muleta, para só assim seguir em frente e matar o homem que o abandonou para morrer na floresta. Já esse homem se chama John Fitzgerald (Tom Hardy, ótimo) que, já viu o lado ruim muitas vezes na sua vida, fazendo-o reagir de forma imprevisível, para assim sobreviver, nem que para isso traia as suas próprias crenças. Essa dualidade poderia ser muito mais explorada, mas que infelizmente se perde quando o ato final se encaminha para o que todos esperam, o que não deixa de ser um desapontamento. A situação somente não termina de uma forma previsível, graças ao fato dela se enlaçar com as palavras subliminares de um determinado personagem que havia surgido do nada no segundo ato e que dá a sua lição de moral a Glass. Parece pouco, mas é o suficiente para o previsível se tornar no mínimo algo genuíno.

Como eu disse acima, O Regresso não merece apenas ser lembrado como o filme que pode dar o Oscar para Leonardo DiCaprio, mas também por possuir uma produção visual arrebatadora.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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