sábado, 2 de abril de 2016

Crítica: BATMAN VS SUPERMAN: A ORIGEM DA JUSTIÇA, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


“Com grandes poderes vem grandes responsabilidades!”

A frase acima faz parte do universo do Homem Aranha, mas ela poderia ser inserida para qualquer super-herói de HQ que se preze, principalmente para aqueles com “superpoderes”. Quando Cavaleiro das Trevas e Watchmen foram lançadas em 1986, se lançou um questionamento: ‘se seria uma bênção ou maldição, se pessoas com poderes extraordinários realmente existissem em nosso mundo real?’. Batman vs Superman: A Origem da Justiça não somente dá continuidade aos eventos vistos no Homem de Aço, como também cria novos rumos sobre esse questionamento.

Após a quase destruição de Metrópolis provocada pela super briga entre Superman (Henry Cavill) e Zod (Michael Shannon), o mundo se divide em opiniões com relação ao homem de aço: uns o veem como um novo Deus entre os homens, já outros o veem como uma bomba relógio, prestes a explodir. Nesse cenário surge um amargurado Batman/Bruce Wayne (Bem Affleck) que vê o kryptoniano como um inconsequente, que não percebe ao seu redor a destruição que ele está provocando. Ao mesmo tempo, Lex Luthor II (Jesse Eisenberg) surge como dono de um império poderoso e que guarda para si planos minuciosos, tanto para Batman quanto para Superman e também para outras pessoas com talentos escondidos.

Já nos primeiros minutos podemos ter uma ideia de como será apresentada a trama, comandada por Zack Snyder (300). Se em Homem de Aço o lado autoral do cineasta estava um tanto que contido, aqui ele novamente prega o que melhor sabe fazer: muita câmera lenta e fotografia elegante, nas quais ambas unidas se criam cenas, no qual as imagens falam por si. Snyder nunca foi exatamente um grande contador de histórias, mas tem que se tirar o chapéu quando ele está inspirado, pois somente em poucos minutos ele consegue recontar a origem do homem morcego de forma soberba e ao mesmo tempo colocando ele no cenário dos eventos vistos em O Homem de Aço. Criticado por ter feito uma “super briga” desenfreada e cheia de destruição, Zack Snyder foi gênio ao colocar Bruce Wayne como uma espécie de nossa visão em relação àqueles eventos fatídicos, vistos em Metrópolis. Testemunha de tamanha destruição, Bruce Wayne então decide voltar a combater o crime em Gothan, mas ao mesmo tempo arquitetando uma forma para deter o Homem de Aço. Criticado por ter sido escolhido para o papel, Bem Affleck nos brinda com o Batman definitivo do cinema, pois realmente ele passa ameaça, medo e pavor para os delinquentes, que o veem como um verdadeiro bicho papão da noite.

Não tolerando a justiça com as próprias mãos, orquestrada pelo homem morcego nas ruas de Gothan, Clark Kent / Superman se posiciona dando um ultimato para ele abandonar a cidade. Tem-se então a origem do conflito, pois embora ambos sejam heróis, os métodos de cada um fazem com que eles se colidam. Na realidade ambos estão certos, mas ao mesmo tempo errados em suas ações: Batman usa os seus dons para combater o crime, mas sua fúria e o desejo de vingança por vezes o cega. Já Superman em muitos momentos não tem a ideia do tamanho do estrago que ele poderia provocar em uma ação, mesmo que essa ação seja para salvar entes queridos como Lois Lane (Amy Adams).

Tendo se consagrado no filme A Rede Social, Jesse Eisenberg nos brinda com um Lex Luthor diferente de todas as versões que a gente já viu, ambicioso por conhecimento, esse Lex demonstra a todo o momento temor pelo desconhecido, mais precisamente por um Deus do qual ele não possa questionar ou controlar. Usando somente inteligência como a sua arma, esse Lex Luthor de Jesse Eisenberg se torna um inimigo imprevisível na trama, mesmo que caia na armadilha de alguns críticos em querer compará-lo de uma forma injusta, com o Coringa de Heath Ledger em Cavaleiro das Trevas, aliás, é através de Luthor que conhecemos as versões de carne e osso de outros heróis, que posteriormente irão surgir em outras adaptações para o cinema, que são Aquaman (Jason Momoa), Flash (Ezra Miller), Cyborg (Ray Fisher) e Diana Prince / Mulher-Maravilha (Gal Gadot). É nesse ponto que há erros e acertos, pois se Aquaman e Cyborg surgem rápido demais em cena, porém, Mulher Maravilha acaba se tornando o grande destaque dos heróis coadjuvantes, e qualquer crítica que havia em relação à escolha de Gal Gadot, para interpretá-la, caí por terra, principalmente quando ela surge em ação.

No embate entre o Homem de Aço e o homem morcego, as cenas e suas consequências poderão ser épicas para os marinheiros de primeira viagem, porém previsíveis para aqueles que têm um certo conhecimento de HQ, principalmente de clássicos como Cavaleiro das Trevas. E se o final desse embate poderá soar como bobo para alguns, para mim soou como imprevisível. A trindade reunida pela primeira vez na trama acaba sendo um verdadeiro colírio para os olhos de qualquer fã, mas nem tudo é perfeito! Quem assistiu aos trailers sabia que o monstro Apocalipse apareceria na trama e essa versão do personagem acaba se tornando a maior decepção do filme. Meio Orc (O Hoobbt) e meio Abominável (O incrível Hulk), o personagem foi criado em um CGI não muito convincente e gerando efeitos visuais desnecessários, que acabam confundindo em relação ao que realmente acontece em cena.

As consequências do embate irão abrir caminho para os filmes futuros, como o da Liga da Justiça, mas não espere por uma cena surpresa após os créditos, pois Batman vs Superman: A Origem da Justiça tem começo, meio e fim e não dificulta muito o entendimento para os leigos. Resumidamente é um filme dedicado para os fãs radicais, mas ao mesmo tempo convida pessoas que jamais leram nenhum clássico protagonizado por esses personagens. Batman vs Superman: A Origem da Justiça é mais do que uma mera adaptação de HQ, mas sim um filme que nos estimula a pensar sobre a possibilidade de um mundo habitado por humanos e super seres, e sobre qual seria a consequência dessa convivência.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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