sábado, 25 de abril de 2015

Crítica: FORÇA MAIOR, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Força Maior já um dos filmes mais cultuados do momento e motivos para isso é o que não faltam. O filme é dirigido por Ruben Östlund que, para os mais entusiasmados, é considerado o novo Ingmar Bergman (Sétimo selo). Exageros a parte, o jovem cineasta na realidade pertence a um grupo de diretores jovens que está em sintonia com o mundo contemporâneo, sendo que a ideia para a criação do filme surgiu quando ele assistia a um vídeo pelo youtube.

Tomas (Johannes Bah Kuhnke) e sua esposa Ebba (Lisa Loven Kongsli) vão para os Alpes franceses com seus filhos, Vera e Harry (Clara e Vincent Wettergren). Tudo parece um sonho, mas o que poderia dar errado? A família parece ser feliz e bem sucedida, mas desde os primeiros segundos de projeção, parece que há algo no ar que os deixa incômodos um com o outro. As crianças estão inquietas e o casal troca olhares estranhos, como se estivessem analisando um ao outro a todo o momento.

Durante os seis dias em que a família planejou esquiar, acompanhamos o desmanche gradual do quadro aparentemente "feliz para sempre" que, antes viviam acomodados com isso, mas que na realidade já sofriam problemas de relacionamentos e qualquer deslize, de maior ou menor grau, seria o suficiente para tudo desmoronar. O desmanche das aparências acontece justamente no momento em que eles presenciam uma avalanche nos Alpes. Tomas começa a filmar e diz que é algo controlado, mas a velocidade da queda da neve é tão grande que, enquanto Ebba protege seus filhos, o homem sai correndo desesperadamente.

A seguir, Ebba passa a descontar toda sua raiva (acumulada?) em seu marido com tentativas de desmoralizá-lo perante amigos do casal (Kristofer Hivju e Fanni Metelius), sendo esses últimos que rendem momentos até mesmo engraçados do filme, pois eles se espelham no casal e ficam se perguntando a todo o momento como eles agiriam se passassem por algo parecido. O grande atrativo desse filme é Ruben Östlund saber colocar na mesa um drama familiar de uma forma realista, do qual todos conseguem se identificar, aliado a uma trilha perfeita e um toque de humor negro (protagonizado pelo segundo casal já citado) que faz com que o filme se diferencie de outros filmes nórdicos atuais.

Cada cena é um enquadramento maravilhoso, sendo que são notáveis as características de cada uma delas ao longo das duas horas de projeção, fazendo com que criemos um jogo de cena em nossas mentes. Claro que as paisagens brancas do cenário da trama aumentam ainda mais a expectativa do cinéfilo “Há algo de podre no reino da Dinamarca”, mas ficamos nos perguntando até o final quais eram realmente os problemas do casal central antes da neve cair e desencadear novos rumos para a história.

O filme levanta inúmeras questões: relacionamentos de hoje; até que ponto conseguimos manter as aparências; até onde temos que ser julgados pelos nossos erros e quando devemos finalmente abraçar a nossa redenção com nós mesmos e perante ao nosso próximo. É mais correto sermos sinceros com a gente e aceitarmos os nossos defeitos, ou manter as aparências para não magoar aqueles que nós amamos? Escolhas difíceis, das quais querendo ou não, haverá consequências!

Lembrando até mesmo clássicos como Quem Tem Medo de Virginia Olf?, Força Maior é um filme sobre o comportamento humano, de ontem e hoje e que nos faz perguntarmos, qual será o nosso quadro futuramente? Com relação à maneira que iremos agir com nós mesmos e com aqueles que esperam o melhor de nós.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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