domingo, 12 de junho de 2016

Crítica: YORIMATÂ, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


O nome Yorimatã surgiu da união de iorubá com tupi-guarani, referindo-se ao nome de uma de das músicas das cantoras e compositoras Luhli e Lucina: Yorimatã Okê Aruê, que significa “salve a criança da mata”. Essas duas garotas se tornaram forte imagem do universo hippie no Brasil durante os anos 70.

O diretor Rafael Saar criou inúmeros curtas-metragens e já trabalhou com outro cineasta, Joel Pizzini no documentário sobre Ney Matogrosso, Olho Nú de 2014. Foi no percurso da criação do filme de Joel que Rafael conheceu Luhli e Lucina. Embora não sejam muito lembradas pela geração de hoje, as duas possuem um peso enorme, não só na história da música brasileira, como no comportamento livre que buscava o seu espaço na época e que ainda busca liberdade total. O cineasta então decidiu criar seu primeiro longa, através da história dessas duas garotas.

O documentário tem participado de inúmeros festivais, inclusive os de temática LGBT, como no caso do 23º Festival Mix, em São Paulo e 9º For Rainbow, em Fortaleza. Isso se deve muito a relação de Luhli e Lucina, da qual a sintonia entre as duas era tão grande, que elas não viam problemas de uma delas ser casada. Luhli era casada com o fotógrafo Luiz Fernando da Fonseca antes de conhecer Lucina.

Luhli e Lucina sentiram uma identificação fortíssima por meio da musica, que acabou se estendendo na vida pessoal e assim formaram uma relação a três. O longa abre com uma cena de ambas cantando e tocando violão, somente depois dessa apresentação é que somos convidados a entender o universo particular de ambas as personagens. Para o cinéfilo desinformado é bom saber que a dupla compôs um vasto número de canções para músicos do porte de Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Tetê Espindola e inúmeros outros. Além disso, os cantores surgem em imagem de ontem e hoje, sendo que as imagens mais antigas são de Super 8, onde mostram a dupla trabalhando e mostrando o dia a dia delas com o marido. Mas o que torna Luhli e Lucina importantes no universo da musica brasileira é que elas foram as primeiras do mundo da música ao lançarem um disco independente no Brasil. Isso se deve ao fato delas sempre recusarem a entrar no estilo que as gravadoras sempre exigiram na época, para os cantores que buscavam o sucesso. Outra coisa que diferenciava a dupla dos demais cantores do período era a utilização dos seus tambores nas apresentações na TV e em show pelo Brasil. O desempenho das duas no palco deveria ter sido muito contagiante na época, pois visto pelo documentário já nos conquista. Com o debate da liberação feminina cada vez mais forte na época, a música de ambas fez um grande sucesso através do público feminino que se identificavam com a letra.

Yorimatã é recomendável para ser visto por todos, principalmente por aqueles que, não somente curtem a música brasileira, como também para aqueles que defendem o feminismo, liberdade de expressão e o amor livre para todos.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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