domingo, 16 de agosto de 2015

Crítica: REAL BELEZA, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Embora tenha criado ótimos filmes de ficção (O Homem que Copiava e Saneamento Básico), parecia que Jorge Furtado se entregaria somente aos documentários e por um cinema cada vez mais autoral. Porém, Furtado é aquele tipo de cineasta que consegue transitar entre um cinema autoral e comercial, ou então enlaçá-los numa única obra. Por mais que isso pareça difícil hoje em dia, ele prova que sim, se pode criar uma obra com certo grau de conteúdo, mas que, poderá conquistar o público em geral e esse filme é Real Beleza.

João (Vladimir Brichta) é um fotografo a beira da decadência, mas que não larga a sua forma de perfeccionista, principalmente na insistência de achar a modelo perfeita. No momento em que conhece Maria (Vitória Strada), mal sabe ele o que a sua jornada irá lhe apresentar. Quando vai a procura de Maria no interior, fica conhecendo Anita (Adriana Esteves), mãe de Maria e ambos iniciam um tórrido romance, mesmo Maria sendo casada com Pedro (Francisco Cuoco).

Claro que num primeiro momento, o cinéfilo de carteirinha irá começar a comparar com o clássico as Pontes de Madison, mas o filme de Furtado se encaminha para trilhas completamente diferentes. Para começar, o protagonista se encontra perdido na vida, tanto pessoal como profissional e no momento em que viaja em busca de Maria, é no final das contas a sua busca indireta pela sua redenção. Ao conhecer Anita, ambos iniciam uma relação amorosa, que por sua vez vem a sanar os desejos internos que ambos possuem e que precisavam ser sanados.

Anita se apresenta como uma mulher, cujo seu universo é infinito de conteúdo e isso graças ao fato de ser casada com Pedro. A casa do casal, aliás, é formada por uma infinidade de livros, do qual Anita conhece o mundo através deles. A cena em que João se maravilha com cada detalhe do lugar na primeira vez em que entra na casa faz com que brilhe os nossos olhos, devido aos inúmeros detalhes daquele cenário rico e cheio de significados.

Tanto Vladimir Brichta como Adriana Esteves possuem forte química juntos: a cena em que ambos fazem amor numa lagoa, com certeza renderá polêmicas, mas não tem como deixar de gostar de ambos em cena. Porém, mesmo aparecendo somente na reta final do filme, o veterano Francisco Cuoco nos brinda novamente com outro grande desempenho de sua carreira, ao interpretar Pedro, um homem com velhos valores ultrapassados, mas que não esconde ser uma pessoa muito culta e nenhum pouco inocente com relação ao mundo que vive.

No final das contas, Real Beleza é um filme em que mostra pessoas aprendendo ou redescobrindo determinados valores dos quais pareciam perdidos. Por mais que a pessoa se encontre bem sucedida, às vezes há uma peça faltando no quebra cabeça da vida e encontrá-la não é das tarefas mais fáceis. Uma vez encontrando a peça, cada um dos personagens do filme decide então preservá-la, para então um dia eles se sentirem com a missão cumprida.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

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