segunda-feira, 25 de julho de 2016

Crítica: GERALDINOS, ‏através de Marcelo Castro Moraes.


Fonte: www.google.com.br/imagens


Quando me perguntam: Qual é o time que eu torço? Eu respondo com a maior sinceridade do mundo, para nenhum, mas curto o futebol de uma forma esportiva e curtindo cada lance na boa. Talvez essa seja a essência principal desse esporte, do qual os torcedores curtem, se emocionam e testemunham inúmeras histórias. Em Geraldinos, testemunhamos uma parte dessa história, mais especificamente numa parte do estádio do Maracanã, conhecido como Geral, onde inúmeros torcedores ficavam de pé perto do gramado e torciam pelo seu time com a maior paixão do mundo.

Dirigido pelos cineastas Pedro Asbeg e Renato Martins, o filme possui inúmeras imagens de arquivos, onde testemunhamos clássicos jogos que entraram para a história no gigante estádio. Porém, o documentário foca as reações dos torcedores, mais especificamente os Geraldinos, apelido carinhoso para aqueles que ficavam nessa parte clássica do estádio. Através de depoimentos de veteranos Geraldinos, ficamos conhecendo inúmeras histórias, desde as mais simplórias, para as mais imprevisíveis e que somente poderia acontecer devido à paixão pelo futebol. Curiosamente, todas essas pessoas começaram até mesmo a se fantasiar no decorrer dos anos, desde Mister M, Seu Madruga, Homem Aranha etc. Tudo isso para animar o espetáculo, principalmente quando tal espetáculo era sofrível em termos técnicos. Pode até parecer algo simples, mas para essas pessoas significa muito, mesmo quando times adversários ganhavam na ocasião.

Um dos pontos interessantes da obra são os depoimentos de ex-jogadores e torcedores que, numa ou outra ocasião, acabaram se encontrando em determinados jogos. O ápice desses depoimentos é quando um torcedor do Fluminense invadiu o campo e segurou a perna de Zico (na época jogador do Flamengo) e implorando para que parassem de fazer gols contra o seu time. É um momento engraçado, mas ao mesmo tempo emocionante e que ilustra com perfeição esse vicio que é o futebol.

Infelizmente todo o começo tem um fim e foi isso que aconteceu com essa parte do Maracanã, no início do século 21. Para se criar mais segurança, conforto e receber os principais eventos esportivos (como a Copa do Mundo), o Maracanã passou por uma reforma geral, para oferecer conforto e tecnologia de ponta, e assim tirando do povo a parte da Geral no estádio. Isso dificultou à ida de boa parte das pessoas de classes mais baixas, ao estádio do Maracanã, forçando essas mesmas pessoas a terem que pagar ingressos mais caros ou optarem pela assinatura da TV a cabo.

O ato final é de pura melancolia, mas ao mesmo tempo sintetizando uma aura de nostalgia e fazendo com que muitos desejassem que essa parte importante da história do futebol retornasse. O filme também é um exemplo da dominação da classe mais rica, da qual está interessada em ganhar somente dinheiro e pouco se importando com uma geração inteira que saiu prejudicada devido a essas mudanças. O filme não deixa de ser uma representação do clima político dos últimos tempos, mas somente assistindo aos minutos finais do filme para compreender melhor essa situação.

Para os torcedores do futebol, Geraldinos é aquele tipo de filme que faz com que as pessoas recordem um passado mais dourado no âmbito futebolístico.


Trailer

Fonte: www.youtube.com


Fonte: Marcelo Castro Moraes - Crítico Cinematográfico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário