terça-feira, 25 de novembro de 2014

JOÃO BATISTA DE ANDRADE RECEBE PRÊMIO DE INTELECTUAL DO ANO.




Vencedor em 2014 do Prêmio Intelectual do Ano / Troféu Juca Pato, prêmio literário concedido pela União Brasileira de Escritores (UBE), cuja entrega acontece em 1º de dezembro, e homenageado pelo 24º Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema (15-22 de novembro), o cineasta e escritor João Batista de Andrade também lança seu novo livro no dia 26 de novembro, “A Terra Será Azul”.

Agendada para o Museu da Língua Portuguesa, a cerimônia de entrega do Prêmio Intelectual do Ano coroa uma carreira literária que já acumula sete livros, como o romance "Confinados: Memórias de Um Tempo Sem Saídas" (2013). Outros títulos de sua autoria são “A Terra do Deus Dará” (1980, romance juvenil), “Perdido no Meio da Rua” (escrito em 1964 e publicado 20 anos depois), “Um Olé em Deus” (1989), “O Povo Fala” (tese de doutoramento, 1996), “O Portal dos Sonhos” (2001), e “Sozitos” (2013, romance infanto-juvenil)

Já o lançamento de “A Terra Será Azul” acontece no cinema Reserva Cultural (São Paulo). O livro se passa a partir de 2032, quando um planeta extraterrestre decide dar uma última chance è Terra: se em duas décadas ela não superar suas crises políticas e ambientais, será destruída. Os responsáveis pela decisão integram a Comunidade, civilização nascida de uma divisão do planeta Terra na pré-história. Lá, o desenvolvimento não ocorre baseado na tecnologia, e sim na relação entre os indivíduos e a natureza. Para ajudar na tarefa, eles enviam à Terra um ser especial, que tem como missão mudar a situação terráquea antes que seja tarde demais.

No Cine Ceará, a homenagem a João Batista de Andrade exibe, em 17/11, com a projeção, na Casa Amarela, do clássico "O Homem que Virou Suco" (1980), grande vencedor do Festival de Moscou e de premiações em Brasília, Gramado, Huelva (Espanha) e Nevers (França).

Com quase 50 anos de carreira, em cuja extensa filmografia se destacam nada menos que 17 longas-metragens, a obra de João Batista de Andrade une criatividade e inquietação política. Representa como poucos a persistência pelo cinema brasileiro. Realizou "Doramundo", premiado com o Kikito de melhor filme e melhor diretor no Festival de Gramado de 1978. Em 1983, causou forte impressão ao desmistificar violentamente a ilusão da abertura democrática em "A Próxima Vítima", um de seus melhores filmes. Em 1987 ganhou quase todos os prêmios do Festival de Brasília com o polêmico "O País dos Tenentes" (estrelado por Paulo Autran), com temática ligada ao fim do regime militar.

Também é importante documentarista, onde expõe uma das principais características de suas obras: a discussão política através do cinema. Teve destacada atuação na televisão na década de 1970 - notadamente na TV Cultura e no programa "Globo Repórter", com produções que misturavam ficção e realidade.

No começo de sua filmografia destacam-se obras de não-ficção, algumas delas pertencentes ao que chamou de "cinema de rua": “Liberdade de Imprensa” (1966), “Ônibus” (1973) e “Migrantes”. No final dos anos 1970 e começo da década seguinte fez “Wilsinho Galiléia” (1978), “Greve” (1979) e “Trabalhadores Presente” (1980). Dirigiu, entre outros documentários, “Céu Aberto” (1985), sobre a transição para a democracia, a campanha das "Diretas-Já", a campanha e eleição de Tancredo Neves e sua doença, até sua morte, e "Vlado - 30 Anos Depois" (2005), homenagem ao amigo jornalista morto nos porões da repressão política da ditadura civil-militar (1965-1985).

Andrade é também importante gestor cultural: foi Secretário de Estado da Cultura de São Paulo, quando criou a Lei da Cultura (ProAc, com editais e incentivos para a produção cultural). Em 2012 foi nomeado Presidente da Fundação Memorial da América Latina.

Mineiro nascido em Ituiutaba em 1939, o cineasta foi ainda como professor na ECA-USP e esteve empenhado nos debates para a construção de uma política cinematográfica para o Brasil, tendo participado da fundação da Apaci (Associação Paulista de Cineastas), onde atuou por 15 anos.

A jornalista Maria do Rosário Caetano dedicou-lhe o estudo “João Batista de Andrade - Alguma Solidão e Muitas Histórias”, publicado pela IMESP em 2010.


Fonte: ATTi Comunicação, através de Eliz Ferreira e Valéria Blanco.

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